Teresa é, segundo J. Leite de Vasconcelos, um dos «nomes próprios portugueses de estirpe grega transmitido por intermédio da Igreja» (Antroponímia Portuguesa, Lisboa, Imprensa Nacional, 1928, p. 45), formado a partir da forma arcaica Tareja1, derivada do latim Therasia, esposa de S. Paulino (séc. IV), que, por sua vez, remete para o grego θηρασια, feminino de θηρασιοʂ, habitante da ilha de Therasia, no mar Egeu (cf. p. 47).
Por sua vez, José Pedro Machado, em Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa (vol. III), elucida-nos sobre a história deste antropónimo, recuando até à sua atestação, o que ocorre com o nome da «mulher de S. Paulino de Nola (Meropius Pontius Paulinus), bispo de Bordéus (353-431), [que] se chamava Therasia de Compluto (perto de Alcalá). Era de origem hispânica e esse nome manteve-se confinado à Península Ibérica durante alguns séculos», só saindo da península «por volta do séc. XVI, popularizado pela fama de Santa Teresa de Ávila (1515-1582) e, mais tarde, pela de Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897)».
Ainda segundo este autor, em Portugal, este nome entrou duas vezes, com várias formas. «A primeira, Tarasia (falso latinismo), documenta-se em 915 e 959; em 1096, há Taraxia, Tarazia, Taraxea (Leges, p. 352); em 1111, temos Taresia, Tarasia; por seu lado, Tareisa volta a aparecer em 1112 e em 1115; Tarisia, em 1123. Em 1258 temos Tareysa e Tareigia. Tareija teve largo uso, também escrito sob a forma Tareyia, ao lado de Tareia e Tareja».
Nota ainda J. Pedro Machado que, «apesar de se saber da existência de uma infanta D. Teresa no séc. XVII (1696-1704), filha de D. Pedro II e de sua segunda esposa, D. Maria Sofia de Neuburgo (a quem talvez se deva a imposição do nome), o nome Teresa entre nós passou por sono largo; no séc. XIV parece que já era raro, pois Fernão Lopes refere-se somente a damas castelhanas e galegas com esse nome. Reaparece no séc. XVIII, por influência espanhola.
Nota: O nome próprio Teresa está atestado, também como apelido, ao lado da forma masculina Tereso, a mais vulgar (cf. José Pedro Machado, ob. cit.).
1 Forma esta usada por Fernando Pessoa, em Mensagem, para designar a mãe do primeiro rei português, D. Afonso Henriques, no título do poema D. Tareja, a quem dirige um apelo, proclamando-a como «mãe de reis e avó de impérios».