O substrato, ou seja o conjunto das línguas que se falavam na România (a região onde se iria dar a romanização), é incontestável ter influído grandemente nas línguas românicas que nesta se criaram. Na Península e na Gália falava-se o céltico, e antes florescera esta civilização, além de outras. Parece que os Lusitanos, que só foram submetidos em 27 (?) a.C., falavam céltico; se assim foi, o latim vulgar suplantou a língua falada na Lusitânia, ajudado pelo parentesco que tinha com ela. Quem mais estudou o assunto foi o catalão Bosch Gimpera, que aceita a possibilidade duma influência cultural do ibero no basco, e, entre nós, Mendes Correia. O ibero era falado pelos Iberos, oriundos de África, que uma vez em território celta, onde chegaram entre 350 e 250 a.C., se denominaram Celtiberos. Estes só nos fins da República aceitaram a língua e os costumes romanos, pois anteriormente falavam um dialecto céltico arcaico, evolução do que usavam os Celtas quando atravessaram os Pirinéus, oito séculos antes de Cristo. Pidal não duvida da existência em território lusitano de um povo que usava o sufixo -asco, não atribuível aos Iberos. Uma característica das línguas românicas de substrato celta é a passagem do grupo ct a it (através de xt: lat. nocte- > port. noite), fenómeno que começou na Hispânia, onde, por outro lado, se deu o mais antigo exemplo de abrandamento (t > d) de toda a România, que se lê numa inscrição de Mérida, do século II. A sonorização ou abrandamento é fenómeno ocidental, mesmo que não seja celta, e ao céltico se estendeu (na Gália posteriormente à Península, salienta Pokorny).