A mudança ocorreu por razões etimológicas. José Pedro Machado, no Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, faz Lousal derivar do substantivo comum lousa. Podemos até supor que o topónimo deriva de uma forma não dicionarizada, lousal, que se poderá interpretar como «lugar onde há lousas/conjunto de lousas», o que faz sentido se pensarmos que o lugar assim chamado é conhecido por ter minas. Se há uma relação entre o topónimo e lousa, então a grafia mais correcta, em harmonia quer com o Acordo Ortográfico de 1945 quer com o novo Acordo, é realmente com s, Lousal.
Assinala-se, porém, que Machado encontra este nome atestado com z num documento datado de 1212. Não tenho pormenores sobre este documento medieval a não ser a indicação de que está incluído nas Leges et Consuetudines dos Portugaliae Monumenta Historica (PMH)1, publicados pela Academia das Ciências de Lisboa. Como não tenho acesso a esta colecção de documentos, não posso por enquanto dizer nada acerca das características do contexto de ocorrência de Louzal: nem sobre se esta forma se refere ao Lousal de Grândola; nem se sugere outra origem; nem se é simplesmente indicativa da confusão entre s e z no pergaminho original ou na leitura que dele foi feita nos PMH.
1 Portugaliae Monumenta Historica é o nome de «uma colectânea de documentos, portugueses e estrangeiros, referentes a Portugal ou ao território que viria a formar o Reino, [...] abarcando o período entre os séculos VIII e XV» (Dicionário de História de Portugal, direcção de Joel Serrão, Porto, Livraria Figueirinhas). Esta colectânea foi proposta em 1852 por Alexandre Herculano à Real Academia das Ciências de Lisboa, que começou a publicá-la em 1856. Como ainda não está completa, cabe actualmente à Academia das Ciências de Lisboa prosseguir a sua publicação (ver idem).