As frases apresentadas são ambas possíveis. Poderão, todavia, ser sentidas por alguns falantes como ligeiramente diferentes.
Antes de mais, recorde-se que, quando na oração subordinante está presente um verbo relacionado com o conhecimento (saber, constatar, reconhecer, provar, entre outros), este seleciona o modo indicativo quando a oração subordinante é afirmativa1. Assim, dir-se-á:
(1) «Sei (o) que te digo.»
Se a oração subordinante for negativa, pode combinar-se com indicativo ou conjuntivo na subordinada1:
(2) «Não sei (o) que te digo / diga.»
Neste caso, a seleção do modo indicativo indica que o locutor se compromete com a verdade do conteúdo da oração subordinada. Já o recurso ao modo conjuntivo está relacionado com a indicação de que a situação descrita não envolve a «assunção da veracidade da proposição»2, ou seja, o locutor não se compromete com a verdade do que afirma na oração subordinada completiva.
É também possível o recurso ao infinitivo na oração subordinada, como em (3):
(3) «Não sei (o) que te dizer.»
A diferença entre as frases (2) e (3) é muito ténue e não será sentida por todos os falantes. A frase (3) poderá descrever sobretudo um procedimento («saber fazer alguma coisa») ao passo que a frase (2) descreve a ocorrência de um facto (que terá lugar ou não)3.
Disponha sempre!
1. Pilar Barbosa in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1859-1860
2. Idem, Ibidem, p. 1841
3. Cf. Marques, ibidem, p. 691-692.