Atendendo aos casos de cristalino («de cristal»), nordestino («do nordeste»), levantino («do levante») ou ultramarino, («do ultramar») – todos adjetivos relacionais deivados de nomes (denominais)1 – torna-se legítima a formação de horizontino, «relativo ao horizonte». Esta forma já ocorre como gentílico de Horizonte (Ceará) e formante de outro gentílico, belo-horizontino, correspondente a Belo Horizonte (Minas Gerais). No entanto, como -ino é sufixo tido por erudito2 e pouco produtivo, muitas palavras com ele derivadas são mais itens que se fixaram pelo uso do que lexemas que existam em latência, acessíveis a qualquer falante (como acontece por exemplo com os diminutivos formados por -inho e os advérbios em -mente).
Em suma, pode empregar-se horizontino, mas este é um vocábulo que tem, por enquanto, uso episódico para não dizer nulo.
Obs.: Já depois de formulada esta resposta, dou conta3 da atestação em algumas páginas da Internet do adjetivo horizôntico, que poderá ser uma alternativa a horizontino. Assinale-se, porém, que horizôntico parece ocorrer em textos especializados, de cariz ensaístico ou filosófico (área da hermenêutica), com um sentido quer semelhante ao que se presume de horizontino (embora mais abstrato), quer próximo de «prospetivo»:
(i) «Esse encadeamento horizôntico [...] foi pensado desde a estética da recepção [...].» (Reginaldo Oliveira Silva, Uma Superfície de Gelo Ancorada no Riso: a Atualidade do Greotesco em Hilda Hirst, Campina Grande, EDUEPB, pág. 294)
(ii) «E é quando a razão se abre à experiência hermenêutica que ela pode se elevar acima da constituição linguística e dos pré-juízos nos quais se move na compreensão, sendo o “corretivo pelo qual a razão pensante se subtrai do seu conjuro linguístico”, ainda que ela mesma tenha um “caráter linguístico” e horizôntico.» (Adriana Regina Sartori, Hermenêutica e Racionalidade: um Estudo a partir de Verdade e Método, Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, pág. 155)
1 Um adjetivo relacional encontra a sua base de derivação num nome e marca uma relação de agente ou posse relativamente à entidade denotada ou referida por esse nome (ver Dicionário Terminológico). Por exemplo, em «fidelidade canina», o adjetivo canino é parafraseável por «dos cães, que é própria dos cães, que pertence aos cães». Ver Textos relacionados.
2 Sobre o caráter erudito do sufixo -in(o/a), cite-se Graça Rio-Torto et al., Gramática Derivacional da Língua Portuguesa (Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016, pág. 249): «[...] os sufixos adjetivalizadores denominais mais eruditos, como -e- (hercúleo, purpúreo) e -in- (purpurino, saturnino), têm tendência a acoplar-se a bases eruditas e/ou menos comuns [...].»
3 Agradece-se a Luciano Eduardo de Oliveira a chamada de atenção.