O mesmo símbolo da escrita chinesa é lido pelos falantes de mandarim como ch´a é lido pelos habitantes de Fun-Kien como te. Acontece que ambas as variantes foram transmitidas a várias línguas do mundo, mas por vias diferentes. Por isso, os japoneses, os russos, os portugueses e outros povos chamam chá a esta bebida, enquanto os franceses dizem thé, e os ingleses, tea (ver Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).
A palavra xícara não tem que ver etimologicamente com chá; entrou por intermédio da língua espanhola, mas é de origem nauatle, língua nativa mexicana. Note-se que nós escrevemos México porque esta era a pronúncia dos nativos no tempo da ocupação espanhola.
Xá é de origem persa e consolidou-se devido aos árabes, que estavam em relação permanente com os portugueses no século XVI. É bom lembrar que as palavras de origem árabe ou transmitidas pelos árabes são grafadas com a consoante x. Exemplos: xairel, xeque, xadrez, xaile, etc.
A grafia chá para distinguir de xá, chefe político, deve-se ao facto de o dígrafo ch ser tradicionalmente a representação do som [tʃ], como é o caso da consoante que começa o termo original, ch´a. Note-se que ch ainda hoje corresponde ao som [tʃ] em falares do Norte de Portugal. Assim, chave, chão, chamar são dialectalmente pronunciados como se houvesse um t antes de ch: "tchave", "tchão", "tchamar".
Já o grafema x é a grafia mais tradicional para indicar o som [ʃ] que ocorre em baixo. Só a partir do século XVIII é que as grafias ch e x passaram a representar ao mesmo som, [ʃ], o que explica que xadrez e chamar comecem hoje pela mesma consoante, apesar das diferentes grafias que a representam.