A pronúncia não é o mesmo que dialecto, é antes uma das dimensões que definem um dialecto por oposição a outros. Quer isto dizer que os dialectos se diferenciam entre si não apenas pela pronúncia mas também por níveis linguísticos como o léxico, a morfologia, a sintaxe e a semântica.
Dizemos assim que o inglês americano tem não só características fónicas (a chamada pronúncia) diferentes das do inglês-padrão britânico, mas também outras especificidades no léxico e na sintaxe que ou não se encontram na norma falada no Reino Unido ou ocorrem aí com menos intensidade. O mesmo se diz acerca dos contrastes dialectais entre falantes de Porto, Coimbra ou Faro: podem apresentar, além de traços fónicos — troca do v pelo b dos portuenses, a pronúncia "espêlho" dos conimbricenses, o "nã sei" de muitos farenses —, usos lexicais, morfológicos, sintácticos que são típicos da regiões onde se situam essas cidades — aloquete em vez de cadeado no Porto, testo em vez de tampa na zona coimbrã, o gerúndio flexionado no distrito de Faro («em tu chegandos»).