O Livro dos Provérbios Portugueses, de José Ricardo Marques da Costa (2.ª ed., Lisboa, Editorial Presença, 2004), regista as três formas seguintes para o provérbio que nos apresenta:
«Em ano bom o feno é grão e, no mau, a palha é grão.»
«Em ano bom o grão é feno e no mau a palha é grão.»
«Em ano bom, o grão é palha; mas no mau, a palha é grão.»
Incluídos na temática «Tempo e Agricultura», estes provérbios são reveladores de a sabedoria popular concentrar numa breve frase a capacidade de adaptação do ser humano à inconstância das colheitas e às condições atmosféricas.
Assim, se as colheitas forem boas e, consequentemente, se o ano agrícola é próspero, será marcado pela abundância e pela qualidade dos produtos tanto para homens como para os animais: o feno, para os animais, e o grão, para os homens.
Por sua vez, num mau ano agrícola, em que os produtos agrícolas escasseiam, tem de se saber aproveitar tudo o que a natureza nos dá, utilizando até o alimento habitual dos animais (a palha) como produto alimentar humano.
Estes provérbios evidenciam, assim, a capacidade do ser humano em se adaptar a todas as situações: em tempo de abundância, usufrui-se do que há de melhor e, em tempo de adversidade, aproveita-se tudo o que há.