A contribuição de Austin (1980)1 para a pragmática linguística é tal, que sem ele não teria havido pragmática linguística, não como a conhecemos hoje, pelo menos.
É certo que Reinach (1983)2, já antes da Segunda Guerra Mundial, tinha isolado os actos sociais, mas foram os actos ilocutórios do filósofo britânico (Austin) que vingaram e originaram a chamada Teoria Clássica dos Actos de Fala, a que se junta J. Searle (1969)3.
Podemos distinguir duas etapas fundamentais da teoria austiniana: a primeira, fundada na distinção entre enunciados que cumprem uma acção e enunciados que simplesmente descrevem a realidade; a segunda fase integra os enunciados descritivos no grupo dos enunciados que cumprem uma acção.
A finalidade central de Austin era fazer frente à convicção instalada de que a língua serve para descrever um estado de coisas, avaliado como verdadeiro ou falso.
Austin fixa-se nos enunciados de polaridade afirmativa, com um verbo na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, voz activa e com as seguintes características:
— correspondem à execução de uma acção.
Propõe então designá-los como enunciados performativos.
Exemplos (originais):
«— Baptizo este barco Queen Elizabeth.»
1Austin, J. L. 1980 — How to do things with words — the William James lectures delivered at Harvard University at 1955.
2Reinach, A. 1986 — « The a priori foundations of the civil law», Aletheia 3, 1-142.
3Searle, J. 1969 — Speech Acts, Cambridge, Cambridge University Press.