No Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Pedro Luft, proceder é um verbo transitivo indirecto que selecciona um complemento preposicional regido por a, na acepção de «realizar, fazer»; p. ex.: «proceder ao inventário». Neste caso, o complemento não é indirecto, mas sim preposicional, uma vez que este não pode ser substituído pelo pronome lhe (é agramatical dizer *«procedi-lhe», na referida acepção). Há, contudo, uma outra construção, proceder a alguém, com o sentido de «acontecer» e com a indicação de se tratar de um uso antigo (idem, ibidem); p. ex.: «procedeu-lhe tudo como desejava».
Ainda como transitivo indirecto, o verbo pode assumir outras significações que dependem da preposição que rege o complemento verbal. Assim (exemplos retirados ou adaptados de Luft, op. cit):
– Proceder contra: «instaurar processo (contra alguém)»;
– Proceder de: «originar-se», «derivar», «descender»; p. ex., «esse mal procede da ganância», «todos procedemos de Adão e Eva».
Continuando com Luft (op. cit.), o verbo proceder é também transitivo adverbial, na acepção de «comportar-se» e «portar-se», seleccionando uma expressão de modo; p. ex: «procedeu bem/mal/com honestidade». Numa acepção próxima, a de «agir», o verbo pode ser intransitivo: «pensa antes, age depois». Ainda neste âmbito o verbo pode ser conjugado pronominalmente, significando «dar-se, ocorrer» (Francisco da Silva Borba, Dicionário Gramatical de Verbos do Português Contemporâneo do Brasil); p. ex.: «o desequilíbrio passava a proceder-se de forma contrária» (idem, ibidem).
Finalmente, com os sentidos de «ter fundamento» e «permitir concluir», o verbo é intransitivo; p. ex.: «a queixa não procede», «os dados não procedem» (Luft, op. cit.).