A estrutura «era ver» usa-se sobretudo na modalidade oral com uma intenção enfática que tem a intenção de destacar a situação que se descreve após a construção.
Pode considerar-se que a expressão equivale a «É um espanto ver x» ou «Preste-se atenção a x». A construção também se associa, por vezes, à apresentação de uma consequência de algo que ficou expresso anteriormente.
Esta construção identifica-se em situações de comunicação atuais, mas também é possível assinalar a sua presença em textos literários representativos de outras fases da língua. Deixamos alguns exemplos extraídos do Corpus do Português, de Mark Davies:
(1) «Era ver de manhã, por todos os carreiros, estradas e carris que dão para o campo, mulheres e rapazes de saco debaixo do braço à procura do sustento do dia.» (Alves Redol, Fanga, 1943)
(2) «É ver os mais sólidos e lúcidos indivíduos chegarem ao homicídio, a negarem pai e mãe, a desconherem os filhos ou a desfazerem vidas laboriosamente construídas movidos por impulsos incontroláveis.» (Rita Ferro, Por tudo e por nada: crónicas, 1994)
(3) «É ver o que aconteceu com a Laurinda.» (Alberto Lopes, A última estação, 1949)
(4) «– O que o senhor quer, sei eu. É ver se adivinha.» (José de Alencar, A Pata da Gazela, 1870)
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