O comportamento morfossintático de tampouco não faz que ele seja enquadrado na categoria de conjunção aditiva, apesar de ter o mesmo valor semântico de nem", porque, diferentemente desta conjunção aditiva, tampouco tem mobilididade posicional dentro da frase, assim como têm normalmente os demais advérbios.

Observe a natureza sintática móvel de tampouco nas frases abaixo:

– O uso não pode ser desprezado, tampouco o bom senso e o consenso.
– O uso não pode ser desprezado, o bom senso e o consenso tampouco.

Isso já não ocorre com o nem, cuja natureza sintática – típica das verdadeiras conjunções – é de imobilidade sintática, centralizada entre dois segmentos de mesma categoria sintática. Isso se nota nos exemplos trazidos pelo próprio consulente, conforme se vê:

– Não gosto da Maria nem da Joana. (frase gramatical, existente na língua)
– Não gosto da Maria, da Joana nem. (frase agramatical, inexistente na língua)

Talvez, com o tempo, devido ao uso frequente de tampouco na mesma posição de nem, seu estado de gramaticalização (passagem de advérbio para conjunção) se torne tão evidente que os gramáticos passem a registrar tampouco na classe das conjunções, assim como muitos já fizeram com porém, todavia, entretanto, no entanto, o que ensejaria discussão semelhante.

Para ampliar o seu entendimento a respeito dessa questão, sugerimos a consulta à gramática de Evanildo Bechara, quando trata das conjunções coordenativas.

Sempre às ordens!