A estrutura «bem viver» teria hífen, se se tratasse de «uma unidade sintagmática e se o segundo elemento começasse por vogal ou h» (Acordo Ortográfico de 1990), como é o caso de bem-estar, bem-aventurado ou bem-humorado.
Ora, não nos parece que «bem viver» se trate de um caso em que o advérbio bem forme uma unidade sintagmática com estar — embora possa parecer semelhante ao de bem-estar —, pois podemos alterar a ordem das palavras dessa estrutura, sem que o seu sentido se altere. Repare-se que o sentido da frase é o mesmo quer se diga «A arte de bem viver» ou a «A arte de viver bem». São palavras distintas que não formam um composto, razão pela qual mantêm a sua autonomia gráfica.
Nota: Como a Base XV (Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares) do Acordo Ortográfico de 1990 dedica o ponto 4. aos compostos formados com os advérbios bem e mal, considera-se pertinente transcrevê-lo: «Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das várias situações: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado; bem-criado (cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf. malfalante), bem-mandado (cf. malmandado), bem-nascido (cf. malnascido), bem-soante (cf. malsoante), bem-visto (cf. malvisto).»
Obs.: Em muitos compostos o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença, etc.