DÚVIDAS

A locução «cerca de»
Não se trata estritamente de português, mas de adequação do modo de expressão às contingências da realidade. Eu conto. Aconteceu que, indo o MacGyver acompanhado de uma competente guarda-florestal em passeio, julgo que no Canadá, eis senão quando se lhes deparam pegadas no chão húmido. Apreciada a profundidade das marcas, aparece na legenda do filme: são de urso, tem cerca de 363 kg. Admirável acuidade, precisão extraordinária, digo eu, que sou um ignorante. Afinal vim a apurar que apenas se pretendia dizer que o presuntivo animal deveria pesar aproximadamente 800 lb. Poderia, por favor, Ciberdúvidas, tirar-se dos seus cuidados e informar os tradutores a martelo da estupidez, recorrente, de traduzir as unidades convertidas ao rigor de uma fiada de 3 algarismos significativos quando, no contexto, tal não é permissível — digo a reforçar, tal é absolutamente anedótico, risível? Agradeço. Agradecemos todos — os poucos que ainda se batem por alguma qualidade na intocável, e cheia de soberba, comunicação social.
«Em último caso» e «no último caso»
Sempre consulto o site sobre dúvidas diversas. Gostaria de agradecer pelas matérias. Na Constituição brasileira, no artigo 5.º inciso XII, diz: «XII — é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.» A pergunta é: na parte em que diz «(...) salvo, no último caso (...)» foi usada a preposição em + o artigo definido o. Pois bem, se essa locução se refere a todos os tipos de comunicações, ali mencionadas, que serão violadas por ordem judicial, não deveria vir apenas genericamente, ou seja, preposição em: «em último caso»? Pois, da maneira que está, dá o entendimento de se referir somente à comunicação telefônica. Desde já, agradeço!
Ainda «ligar com»
Obrigado mais uma vez pela vossa resposta, e mais uma vez peço desculpa por insistir: A situação é esta: ouço com frequência, numa das nossas estações de rádio públicas, a seguinte frase: «Obrigado por se ligar connosco!» O locutor agradece pelo facto de eu, ou outra pessoa, ter ligado telefonicamente para aquela estação. Pergunto: O locutor não deveria dizer: «Obrigado por se ligar (ou se ter ligado) a nós»? Muitíssimo obrigado.
O uso de crase com a «casa de X»
Preciso entender melhor o uso da crase. Nas gramáticas brasileiras, usamos o acento grave antes da palavra casa, só quando vier modificando. «Cheguei a casa cedo.» «Cheguei à casa de meu pai.» Na segunda frase, está explicando que não é a minha casa. Eu tenho uma amiga portuguesa e fiz esta pergunta para ela. Ela disse que ela não usaria acento grave desse caso. Fiz uma consulta e vi uma explicação de vocês, mas não entendo se é diferente em Portugal. Eu gosto muito de conhecer a diferença entre os dois países. Obrigada.
O uso da crase num concurso
Deparei, na Gramática para Concursos, do professor Marcelo Rosenthal, com uma questão envolvendo o uso da crase, cuja resposta me deixou em dúvida. Trata-se do exercício de número 30, pág. 360, e diz respeito a uma prova para TTN, que transcrevo na íntegra: «30. Assinale o item que preenche corretamente as lacunas da frase: "Em virtude de investigações psicológicas _____ que me referi, nota-se crescente _____ aceitação de que é preciso pôr termo _____ indulgência e ______ inação com que temos assistido escalada da pornoviolência." (S. Pfrom) a) à - a - à - a b) a - à - à - à c) a - a - a - à d) à - à - a - a e) a - à - a - à» Ocorre que o gabarito, ao final da Gramática, aponta como resposta correta a letra b, mas fiquei em dúvida ao tentar resolvê-la. Gostaria de saber a opinião de vocês a respeito, cuja ajuda agradeço desde já.
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