A frase «Reprise do programa Mega Senha do qual participei» está correcta, assim como são, igualmente, legítimas as outras duas construções indicadas pelo consulente:
«Reprise do programa Mega Senha no qual participei»
«Reprise do programa Mega Senha em que participei.»
O uso de tais expressões depende, sempre, da regência ou da sintaxe dos verbos. Ora, o verbo participar, com o sentido de «tomar ou ter parte; partilhar», pode construir regência com duas preposições: de e em.1
A possibilidade de utilização de qualquer uma das duas preposições2, o que pode criar dúvidas, levou Celso Pedro Luft, em Dicionário Prático de Regência Verbal (São Paulo, Ática, 2003, p. 391), a apresentar-nos os dois casos nas seguintes construções:
«Participar das (ou nas) alegrias de alguém»
«Participar de uma (ou numa) discussão»
«Participar dos (ou nos) lucros e perdas»
«Participar de (ou em) trabalhos».
Em sintonia com Luft, outros exemplos são-nos fornecidos pelo Dicionário Sintáctico de Verbos Portugueses [Winfried Busse (coord.), Coimbra, Almedina, 1994, p. 325]:
Participar + preposição em:
«A reunião em que participou o governador militar de Lisboa não foi uma reunião de amigos.»
«Portugal é um dos países que participaram num exercício destinado a treinar a capacidade da OTAN para a gestão da crise.»
«Quis que todos participassem nas vantagens.»
Participar + preposição de:
«Também participámos da discussão, embora sem termos direito a voto.»
«Quis que todos participassem das vantagens.»
«Nós participamos da sua dor neste momento.»
1 Com o sentido de «dar parte», «fazer saber», «anunciar», «comunicar», o verbo participar (transitivo directo e indirecto) rege-se com a preposição a: «Participou a decisão, a mudança, a renúncia, a nova residência», O ministro participou ao presidente a sua intenção de se retirar do governo».
2 Celso Luft esclarece-nos sobre a legitimidade do uso das duas preposições, ao explicitar que «a preposição de se deve ao seu sentido partitivo e em por causa da locução tomar parte.» (idem, p. 391)