DÚVIDAS

Subclasses verbais e frase passiva
A minha dúvida prende-se com a subclasse dos verbos, considerando a ativa e a passiva. A propósito da frase «Quando a pergunta me foi feita» (não estando expresso o complemento agente da passiva), encontrei uma ficha com uma questão para indicar a subclasse do verbo fazer, dando como solução transitivo indireto. Ora, esta situação levou-me a considerar o porquê de se admitir que o complexo verbal passivo peça complemento indireto (me) e se ignore o facto de o sujeito da frase passiva constituir um complemento direto na ativa. Ou seja, na ativa o verbo fazer é transitivo direto e indireto. Passando para a passiva, essa classificação mantém-se (uma vez que a ação é a mesma) ou altera-se? Mas, se é diferente, por que motivo consideraram que o complexo verbal «foi feita» pede complemento indireto (comum à ativa e passiva – «foi feita a quem?») e não se considera que selecione também complemento agente da passiva («foi feita por quem?»), não existindo nas subclasses do verbo principal uma para este tipo de complemento...(o transitivo indireto seleciona complemento indireto ou oblíquo, mas não encontrei em nenhuma gramática o complemento agente da passiva). Faz-me confusão considerar o que é óbvio (o me que se mantém nas duas formas) e ignorar o que fica por esclarecer... Reconhecendo que esta seria daquelas perguntas que não se fazem, a estar feita, surgiu-me a dúvida e, independentemente da utilização da questão da ficha, gostaria de a esclarecer.
Modalidade e o verbo pensar
Qual a modalidade e valor modal presentes na frase «Penso que é o problema mais complexo da literatura portuguesa, aquele que requer maior especialização.» (retirada do artigo "A floresta de Camões desbravada", de Luís Miguel Queirós, e publicada no Público). Na minha perspetiva, pode subentender-se que o locutor exprime certeza relativamente à afirmação que profere, logo estaríamos perante a modalidade epistémica com valor de certeza. Mas poderá ser que a utilização do verbo pensar remeta para a ideia de possibilidade?
Garantir com indicativo ou conjuntivo
Agradecia que me clarificassem quando «garantir que...» pede conjuntivo. As seguintes frases não me parecem corretas: a) «Como vamos garantir que todos os que nos procuram serão tratados com a dignidade e a humanidade que merecem?» Não devia ser «SEJAM tratados»? b) «Como garantir que a inteligência artificial será ética e segura?» c) «Temos agora de garantir que os governos respondem à chamada.» d) «Como garantir que Portugal ficará pobre para sempre?» Obrigadíssima.
O verbo ver com complemento oblíquo
No excerto: «O último elemento do grupo, o narrador, não era tão sonhador como os outros e, por isso, não via forma nenhuma naquela nuvem. Para não ficar mal perante os outros, ele afirma que vê um hipopótamo. Perante tal afirmação, toda a gente ficou espantada.» As classes e subclasses das palavras via e para são, respetivamente, verbo principal transitivo direto e indireto (seleciona complemento direto e complemento indireto) e conjunção subordinativa final? Obrigada.
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