Sara Mourato - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Sara Mourato
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Licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestre em Língua e Cultura Portuguesa – PLE/PL2 pela mesma instituição. Com pós-graduação em Edição de Texto pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, trabalha na área da revisão de texto. Exerce ainda funções como leitora no ISCTE e como revisora e editora do Ciberdúvidas.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Qual é a origem do termo "soco"? É um termo usado em Portugal também?

Resposta:

     Segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de José Pedro Machado não está esclarecida a origem do vocábulo soco, que pode ter dois significados. Refere o autor que soco é uma «pancada com a mão fechada. Der. regressivo de socar?», sendo que o ponto de interrogação coloca a dúvida da exata derivação do termo. Por outro lado, apresenta o mesmo termo como sendo «calçado ordinário. Do latim soccu-, "espécie de pantufa, usada principalmente pelas mulheres; o calçado próprio dos comediantes; por extensão, o género cómico, a comédia".»

    Este vocábulo é, obviamente, utilizado em Portugal, com diferentes sentidos. Por exemplo. no registo do Dicionário da Porto Editora. «soco (com a leitura /só/), calçado com base de madeira, tamanco; ARQUITETURA: pequeno pedestal para sobrevelar uma escultura ou para colocar cruzes, relicários, vasos ou jarras; elemento na parte inferior de parede ou muro, saliente e mais largo do que alto, que, por vezes, serve de base a um edifício ou uma coluna; faixa horizontal, com ou sem pequena saliência, pintada na base de um edifício com cor diferente da cor predominante da fachada; peanha». Define ainda o mesmo termo (com leitura /sô/) como: «golpe com a mão fechada, murro; mossa que o pião faz noutro que lhe serve de alvo; nica; prejuízo, desfalque»

Pergunta:

Existem já várias publicações sobre isto, mas continuo na dúvida... Uma das «regras» que permite colocar vírgula após a conjunção «e» é haver uma numeração e a seguir mudar de assunto, correto? Neste exemplos concretos, estaria bem colocada ou seria melhor não colocar? É uma regra obrigatória ou opcional? «Ela sentou-se, ajeitou a cadeira, pegou no lápis e nos marcadores, e começou a escrever.» «Ele era autor de esculturas lindas e maravilhosas, e, como tal, respeitado por todos.»

Resposta:

    Ambas as frases - «Ela sentou-se, ajeitou a cadeira, pegou no lápis e nos marcadores, e começou a escrever» e «Ele era autor de esculturas lindas e maravilhosas, e, como tal, respeitado por todos» - têm a vírgula mal colocada. O que acontece é que o sujeito não muda nesta oração e, por isso, não colocamos a vírgula antes do último "e". Isto é, na primeira frase, deveríamos ter «Ela sentou-se, ajeitou a cadeira, pegou no lápis e nos marcadores e começou a escrever», porque todas as ações são praticadas por ela. 

     Na segunda frase, «Ele era autor de esculturas lindas e maravilhosas e, como tal, respeitado por todos», apesar de não estarmos a falar somente de qualidades que são fruto do trabalho do sujeito, em momento algum, se refere a outra pessoa, por isso, devemos retirar a vírgula antes do "e".

CfSaiba usar a vírgula + Virgula depois do “mas”?

Ai a legenda!...

Numa só legenda não um, nem dois, nem três, mas… quatro erros, quatro, é obra!...

Pergunta:

No caso de eu estar transcrevendo um trecho de texto entre aspas e o trecho originalmente ter um ponto final, mas também ocorrer de ser final do meu período, eu coloco o ponto final antes das aspas, depois, ou dois pontos finais? 

Ex.: «[...] da mesma forma que foi dito.», «[...] da mesma forma que foi dito». ou «[...] da mesma forma que foi dito.»?

Resposta:

Se o sinal de pontuação pertencer ao trecho transcrito, então as aspas surgem depois desse sinal. Assim sendo, não é necessário duplicar o sinal de pontuação.

Veja-se o exemplo dado: «[...] da mesma forma que foi dito.» 

O mesmo acontece para todos os sinais de pontuação. 

 

N.E. – Sobre esta resposta, recebemos e agradecemos a seguinte achega do consulente Fernando Bueno:

 «1 - As aspas englobam citação isolada. Neste caso, usa-se a pontuação própria da frase, e fecham-se as aspas: "De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se vem a perder sua alma." "Vim, vi e venci!" 2 - As aspas englobam parte do período. Nesse caso, grafa-se sempre a pontuação do período (pois não cabe às aspas encerrar um período) posteriormente às aspas finais, mantendo-se a pontuação da citação, exceto quando coincidem dois pontos finais. Ex.: Quem disse: "De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se vem a perder sua alma."? Jesus disse: "De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se vem a perder sua alma". O velho, então, exclamou: "Adeus, minha pátria, aqui não voltarei!".»

11 anglicismos voando pelos aeroportos portugueses (e espanhóis)

Check in e check outDuty free, handling, hub, jet-lag ou stopover são alguns dos 11 termos e expressões em inglês mais recorrentes na terminologia das viagens aéreas, tanto em Portugal como em Espanha, nestes tempos de crescimento exponencial de turistas estrangeiros e dos dois países ibéricos. A verdade é que qualquer desses anglicismos tem equivalência no português e no castelhano.