Sara Mourato - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Sara Mourato
Sara Mourato
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Licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestre em Língua e Cultura Portuguesa – PLE/PL2 pela mesma instituição. Com pós-graduação em Edição de Texto pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, trabalha na área da revisão de texto. Exerce ainda funções como leitora no ISCTE e como revisora e editora do Ciberdúvidas.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Na frase «Este livro entrou para a História da literatura universal.», qual a função sintática de «para a História...»?

Resposta:

Entrar é um verbo que seleciona um complemento oblíquo, isto é, um complemento introduzido por uma preposição que não pode ser substituído pelo pronome lhe. Assim sendo, na frase em questão, «... para a História...» é um complemento oblíquo. 

Pergunta:

Na frase «Quantos cadernos de argolas tinham na pasta?», o verbo é transitivo direto e indireto, certo?

Resposta:

Na oração apresentada – «Quantos cadernos de argolas tinham na pasta?» –  o verbo ter é transitivo direto*. Note-se que na oração, em que o sujeito está subentendido – eles/vocês –, só temos o complemento direto«Quantos cadernos de argolas...».  

 verbo transitivo direto ocorre quando o verbo principal seleciona um sujeito e um complemento com a função de complemento direto. 

Pergunta:

complemento oblíquo faz parte do predicado?

Obrigada.

Resposta:

complemento oblíquo é um complemento do verbo e, por isso, integra o predicado.

Este complemento, selecionado pelo verbo, pode ser representado por:

• um grupo preposicional, que não é substituível pelo pronome pessoal lhe/lhes;

• um grupo adverbial;

• ou a coordenação de qualquer uma destas formas. 

Pergunta:

Como se faz a translineação da palavra ilha?

Obrigada

Resposta:

Na translineação da palavra ilha não se separa o dígrafo lh. Assim, a divisão será i-lha. 

Acrescente-se que os outros dígrafos ch nh têm o mesmo comportamento — exemplos: a-ma-nhe-cer e a-char.

Pergunta:

Em primeiro lugar, obrigado pelo canal. É muito bom saber que temos alguém em quem nos apoiar para esclarecer uma dúvida. Em segundo lugar, o que vocês fazem em prol da Língua Portuguesa, tornando-a mais simples e desmistificada, é sensacional.

Gostaria muito que me fosse esclarecida a seguinte dúvida: uma procuradoria é um órgão público que funciona como um escritório de advocacia. Suponho que em Portugal seja igualmente. Pode ser Procuradoria da República, da União e por aí vão as denominações. Uma Procuradoria-Geral (no site do VOLP - Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, consta o vocábulo com hífen) uma Procuradoria Regional ou Seccional. Quando devo usar com hífen e por que razão. Pelas pesquisas que efetuei, acredito que só caiba o hífen na Procuradoria-Geral. No entanto, gostaria de uma análise mais detalhada, por favor. 

Resposta:

     Segundo o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) (Base XV, n.º 6), nas «locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa) .» É o que se verifica no exemplo dado pelo consulente.

    Assim, podemos afirmar que com o termo «geral» se usa sempre hífen — procurador-geral, cônsul-geral, procuradoria-geral, etc. — uma vez que são casos consagrados pelo uso.