Pergunta:
Consultando as respostas anteriores, verifiquei a resposta 7647 em que o consultor José Neves Henriques faz uma explanação sobre condicional e pretérito e as diferenças existentes em Portugal e no Brasil.
Atualmente, compulsando o volume 3 da série Soltando a Língua, do professor Sérgio Nogueira, verifiquei que a de NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira), em 1959, tornou o futuro do pretérito a denominação oficial para o antigo "condicional" já em desuso e traz alguns exemplos:
1) Ele dizia que não viria (dizer = pretérito imperfeito; vir = futuro do pretérito);
2) Ele disse que não viria, possibilidade usada pela imprensa quando não se sabe ao certo se ele virá...
Há até um exemplo para se evitar ambigüidades, principalmente na imprensa: «Segundo o médico, a causa da morte seria traumatismo craniano.» Nesse caso, não sabemos ao certo se o médico afirmou que a causa morte é traumatismo craniano, mas ele (= o jornalista) não tem certeza disso, ou se nem o médico tem certeza da causa da morte. Havendo realmente a certeza, dizemos: «Segundo o médico, a causa da morte é (ou foi) traumatismo craniano.»
Com base na NGB citada, como é correto escrever?:
1) Gostava de saber como será/seria melhor pontuar o texto;
2) Gostaria de saber como será/seria melhor pontuar o texto;
3) Gostaria de saber se há/haveria melhor forma de pontuar o texto.
Na hipótese de não ter a certeza de ter as perguntas acima respondidas, diria: «Ficaria agradecido se me respondesse» e, caso contrário, tendo a (ou quase) certeza de ter as respostas às perguntas: «Ficarei agradecid...
Resposta:
O condicional é considerado, por muitos autores, um modo e ao mesmo tempo um tempo verbal. Tentarei explicar esta dicotomia, usando os seus próprios exemplos.
Quando o condicional exprime a ideia de realização de uma acção posterior ao momento da enunciação, ou seja, quando marca uma localização temporal relativa a um passado, é considerado um tempo verbal. Por esta razão, é designado também por futuro do pretérito:
(1) «Ele disse que não viria.»
Quando o ponto de perspectiva temporal não é um tempo passado, o condicional adquire um valor modal, pois é usado não para marcar temporalmente um futuro do passado, mas sim para exprimir uma dúvida, uma incerteza:
(2) «Segundo o médico, a causa da morte seria traumatismo craniano.»
O condicional é, ainda, usado para exprimir um desejo, de uma forma delicada:
(3) «Gostaria de saber como seria melhor pontuar o texto.»
O pretérito imperfeito do indicativo, por sua vez, é um tempo gramatical com informação de passado, mas que em muitas construções pode expressar também modalidade. É por este motivo que é designado por imperfeito de cortesia:
(4) «Gostava de saber como seria melhor pontuar o texto.»
O futuro do indicativo pode também, em certos contextos, exprimir modalidade:
(5) «Gostaria de saber como será melhor pontuar o texto.»
Em conclusão, todas as frases que apresenta são correctas, tendo em conta que cada forma verbal expressa valores semânticos diferentes.