Paulo J. S. Barata - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Paulo J. S. Barata
Paulo J. S. Barata
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Paulo J. S. Barata é consultor do Ciberdúvidas. Licenciado em História, mestre em Estudos Portugueses Interdisciplinares. Tem os cursos de especialização em Ciências Documentais (opção Biblioteca e Documentação) e de especialização em Ciências Documentais (opção Arquivo). É autor de trabalhos nas áreas da Biblioteconomia, da Arquivística e da História do Livro e das Bibliotecas. Foi bibliotecário, arquivista e editor. É atualmente técnico superior na Biblioteca Nacional de Portugal.

 
Textos publicados pelo autor

Vivemos num quotidiano pejado de siglas e de acrónimos. Porventura pela profusão de organizações, planos, programas, projectos, porventura pela rapidez com que tudo ocorre, porventura também para poupar espaço e/ou evitar as repetições. Não há praticamente jornal, revista, ou até livro, que esteja imune a este fenómeno. E nesse uso vale quase tudo, boas e más práticas: usar apóstrofo para os(as) pluralizar, colocar entre parêntesis a primeira vez que ocorrem ou nem isso, lexicalizá-los(as) de...

Na secção Cartas do semanário Expresso, de 28 de Maio de 2011, uma leitora, escrevendo sobre a crise que se vive Portugal, invoca o recente filme de Roland Joffé,...

E, pronto! Aí está ele, o verbo bitaitar, assim mesmo e sem aspas, utilizado por Ferreira Fernandes, na sua habitual coluna da última página do Diário de Notícias, numa crónica intitulada «Não, não pode, um ponto é tudo!» (12 de Maio de 2011):

«Há uma norma fundamental, não escrita mas que é aceite pelos líderes partidários, que é a de não bitaitar sobre cenários a vir.»

Vasco Graça Moura (VGM) é um polemista de escrita vigorosa e impressiva. Leio-o sempre com gosto, admirando a imagética das crónicas e a intencionalidade da escrita, quantas vezes feita deliberadamente para chocar. O que se torna ainda mais patente quando cruzamos a truculência das suas crónicas, sociais e políticas, com a sensibilidade da sua obra de poeta, tradutor, romancista, ensaísta.

Quando, num texto, uma gralha é particularmente danosa, costumo utilizar a frase: «isso não é uma gralha, é um corvo», jogando aqui com o duplo sentido da palavra. Admito que a use por os corvos serem aves de maior porte do que as gralhas e necrófagos, portanto, particularmente nefastos. Não sei sequer onde ouvi a expressão, ou quem a cunhou, mas costumo usá-la.