Paulo J. S. Barata - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Paulo J. S. Barata
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Paulo J. S. Barata é consultor do Ciberdúvidas. Licenciado em História, mestre em Estudos Portugueses Interdisciplinares. Tem os cursos de especialização em Ciências Documentais (opção Biblioteca e Documentação) e de especialização em Ciências Documentais (opção Arquivo). É autor de trabalhos nas áreas da Biblioteconomia, da Arquivística e da História do Livro e das Bibliotecas. Foi bibliotecário, arquivista e editor. É atualmente técnico superior na Biblioteca Nacional de Portugal.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Gostaria de saber quando se pode colocar e o que significa de facto «no prelo».

Habitualmente coloco esta expressão quando me refiro a um artigo que se encontra para publicação. É correcto?

Obrigada.

Resposta:

A sua interpretação é inteiramente correcta. A expressão «no prelo» significa, na gíria da edição, das artes gráficas, da biblioteconomia e da bibliografia, «em (vias de) publicação» ou «em processo de edição/publicação/impressão». Prelo era o nome dado às primeiras máquinas tipográficas, daí que estar «no prelo» signifique literalmente «que se está a imprimir» ou «estar a imprimir-se», na definição apresentada pelos dicionários gerais. O seu contexto de uso não é, porém, tão literal. A partir do momento em que o autor entrega o seu trabalho ao editor e este aceita publicá-lo, entra em processo de edição, dizendo-se, a partir daí, que está «no prelo». Marca o fim da fase de produção intelectual, da responsabilidade do autor, e o início da fase de produção editorial e oficinal, digamos assim, sobretudo da responsabilidade do editor/impressor.

Na SIC Notícias, passou o documentário intitulado Dividocracia. Esta palavra, um neologismo entrado por via do inglês debtocracy, não está dicionarizada, mas já tem algum lastro de uso, como se constata pelas 40 600 ocorrências da palavra em português reportadas pelo Goog...

Pergunta:

Gostaria de saber qual o uso que vos parece mais adequado numa bibliografia onde se pretende indicar parelhas de instituições ou de organismos responsáveis pela edição de uma obra:

GEPE-ME ou GEPE/ME? [Neste caso, trata-se de um organismo de um determinado ministério]

INE/GEPE-ME ou INE-GEPE/ME? [Neste caso, trata-se de duas instituições distintas que são conjuntamente responsáveis pela mesma publicação]

Com os meus agradecimentos.

Resposta:

Nas bibliografias, há que distinguir entre o uso de abreviaturas na entrada e o uso de abreviaturas no corpo da referência. Na entrada, o uso de abreviaturas em nomes de instituições é desaconselhável e apenas se verifica em casos excepcionais, designadamente, quando a notoriedade das mesmas se sobrepõe às respectivas designações, como acontece, por exemplo, com a OCDE, em que a instituição é mais conhecida pela sigla do que pelo nome.

Relativamente aos exemplos que apresenta:

No caso do GEPE-ME ou GEPE/ME, existe uma relação de subordinação entre os dois organismos, já que o GEPE (Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação) depende do ME (Ministério da Educação). Nesse caso:

— a entrada seria: PORTUGAL. Ministério da Educação. Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação;
— no corpo da referência, quando se mencionasse o editor, e porque já referido na entrada, colocar-se-ia apenas o acrónimo GEPE. Não GEPE-ME e menos ainda GEPE/ME. O uso do hífen só é admissível quando ele faz parte do nome da instituição. Por exemplo, no caso da Secretaria-Geral do Ministério da Educação, em que a abreviatura seria SG-ME. A barra oblíqua nunca é utilizada;

 

Quanto ao INE/GEPE-ME ou INE-GEPE/ME, não existe qualquer relação de subordinação entre as duas entidades, ou seja, entre o Instituto Nacional de Estatística e o Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação, tratando-se, pois, de autores e presumivelmente editores autónomos. Nesse caso:

— a entrada seria: PORTUGAL. Instituto Nacional de Estatística; PORTUGAL. Ministério da Educação. Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação;
— no corpo da referência, quando se ...

Já antes, a leitura do semanário Expresso me havia chamado a atenção para o uso da palavra bloguer:

«Ouvimos um painel de especialistas internacionais e de blogueres nacionais […]» (Revista Única, de 25 de Junho de 2011, p. 56).

Uma semana depois, o o caso repetiu-se, agora no singular:

«Palavras só comparadas com a violência usada pelo bloguer para falar de Sócrates» (Primeiro Caderno, de 2 de Julho de 2011, p. 11).

Pergunta:

Antes de mais, parabéns pela excelente ferramenta que é o Ciberdúvidas.

Segundo a gramática, qualquer tipo de produção artística, como é o caso de um álbum de música, deve surgir em itálico.

A minha dúvida é: será correcto, tendo em conta a regra acima descrita, grafar os títulos das canções com aspas, como já tenho visto suceder em alguns sites e revistas de música?

Obrigada.

Resposta:

A identificação de títulos de canções, de pinturas, de esculturas, de obras de arquitectura, de filmes ou de peças de teatro, bem como de livros, de jornais ou de revistas, pode fazer-se recorrendo indiferentemente ao itálico ou às aspas. Com este procedimento, pretende-se apenas salientar esses títulos, quer através do chamado realce ou destaque tipográfico — itálico — quer através de um sinal gráfico — aspas. Ambas as situações são, pois, admissíveis. É, porém, mais comum, o recurso ao itálico para identificar os títulos, reservando-se as aspas, por exemplo, para as citações ou as transcrições. Por esta razão, aconselha-se preferencialmente o uso do itálico para referenciar títulos de canções, de pinturas, de esculturas, de obras de arquitectura, de filmes ou de peças de teatro, bem como de livros, de jornais e de revistas.