Paulo J. S. Barata - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Paulo J. S. Barata
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Paulo J. S. Barata é consultor do Ciberdúvidas. Licenciado em História, mestre em Estudos Portugueses Interdisciplinares. Tem os cursos de especialização em Ciências Documentais (opção Biblioteca e Documentação) e de especialização em Ciências Documentais (opção Arquivo). É autor de trabalhos nas áreas da Biblioteconomia, da Arquivística e da História do Livro e das Bibliotecas. Foi bibliotecário, arquivista e editor. É atualmente técnico superior na Biblioteca Nacional de Portugal.

 
Textos publicados pelo autor

Além de polémico, um despacho publicado em Portugal apresenta numerosos erros que Paulo J. S. Barata escalpeliza no seguinte apontamento.

 

O tão falado Despacho n.º 47/2013/MEF, de 8 de abril, que proíbe os organismos públicos portugueses de efetuar despesa, com algumas exceções (pessoal, custas judiciais e contratos em execução), sem prévia au...

Já por aqui nos referimos à confusão recorrente entre a expressão «por ventura», que significa «por sorte», «por felicidade», e o advérbio porventura, que significa «possivelmente», «talvez», «por acaso», «por hipótese». Esbarrámos novamente com este erro numa notícia do Expresso sobre o recente <a href="http://www.oje.pt/noticias/economia/tc-chumbou-artigos-no-oe-de...

Paulo J. S. Barata dá conta de mais um caso de confusão entre sobre e sob, desta vez, com um resultado semântico totalmente absurdo.

 

 

«[…] aguaceiros sobre a forma de neve»¹

Obviamente que o que deveria ter sido dito era aguaceiros «sob a forma de neve», aguaceiros «em estado de neve». Ou seja, que foram submetidos a uma determinada ação ou efeito – a ideia de subordinação, de suje...

Pergunta:

Para publicação em Diário da República, nos diversos "tipo de ato", o que difere despacho de contrato? Uma vez que, ao tentar publicar contratos (por extrato), ou seja, admissões de pessoal, por vezes são rejeitados com indicação do motivo: «o tipo de ato é despacho, e não contrato.»

Resposta:

Só analisando a formulação do texto que quer submeter, pois dela depende a escolha da tipologia do ato, e só o submetendo no sítio do Diário da República Eletrónico reservado para a publicação dos atos, de modo a poder analisar as respetivas mensagens, poderia dar uma resposta cabal à sua questão

Porém, em termos gerais, um contrato é um acordo escrito estabelecido entre duas ou mais partes para cumprimento de direitos e deveres. Enquanto um despacho é uma decisão escrita sobre um processo. Se o que pretende publicar é um extrato de um contrato, ou seja, um excerto, as partes mais significativas, ou uma síntese do mesmo, esse ato configura um contrato, sob a forma de extrato, mas se, ao contrário, o que pretende publicar é a decisão de alguém, com competência para tal, aprovando a celebração de um contrato, esse ato já é um despacho.

Atualmente, os atos relativos às admissões de pessoal na Administração Pública, apesar de a grande maioria configurar a forma de «contrato de trabalho em funções públicas» – nos termos da Lei n.º 12-A/2008, de 27 de fevereiro, que estabelece os regimes de vinculação, de carreiras e de remunerações dos trabalhadores que exercem funções públicas (LVCR) – são muitas vezes efetuados por despacho (extrato), admito que por um fenómeno de lastro normativo advindo da situação anterior em que a natureza do vínculo era a nomeação. E como esta, que se efetiva por despacho, ainda vigora para alguns grupos profissionais, parece-me existir aqui um fenómeno de contaminação e algum hibridismo. Além do mais, nos procedimentos concursais, que estão na base dessas admissões, há atos que se efetivam por despacho, como, por exemplo, a publicação das listas relativas à apreciação do período experimental, pelo que muitas vezes, por extensão, a pub...

Uma má viagem pelo verbo viajar

Paulo J. S. Barata depara-se com mais um caso da irritante confusão entre uma forma da flexão do verbo viajar e o substantivo viagem.

Deambulando pela programação televisiva que os canais por cabo portugueses disponibilizam, deparo-me com isto:


«Uma equipa de cientistas investiga um buraco no tempo que permite que criaturas pré-historicas e do futuro viagem no tempo provocando o caos no presente.»