Um apontamento de Paulo J. S. Barata sobre uma deturpação da expressão «calendas gregas».
«Mas também é verdade que nas moções ao Congresso do CDS (adiado para as calendas) havia propostas do género e no PSD circulam coisas parecidas…»
(Editorial do Expresso, Primeiro Caderno, 20 de julho de 2013, p. 3).A expressão «adiado para as calendas» enferma de um duplo erro. O primeiro é o uso singelo da expressão «calendas» e não «calendas gregas», que era por certo o que o editorialista do Expresso quereria dizer. Isto porque as «calendas» eram apenas o primeiro dia de cada mês do calendário romano. Utiliza-se, sim, a expressão «calendas gregas» para nos referirmos a algo que não irá acontecer, simplesmente porque o calendário grego não tinha calendas. E o segundo é que, mesmo que tivesse utilizado esta expressão, ela não estaria correta porque o congresso daquele partido ir-se-á, de facto, realizar depois das eleições autárquicas, apenas não tem ainda data definida, razão pela qual o que deveria lá estar era «adiado sine die» ou algo semelhante...