Miguel Moiteiro Marques - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Miguel Moiteiro Marques
Miguel Moiteiro Marques
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Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Ingleses) pela Faculdade Letras da Universidade de Lisboa e mestrando em Língua e Cultura Portuguesa na mesma faculdade.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

A palavra "adminuculo" já é minha conhecida há vários anos, e tinha-a/tenho-a como sinónimo de apenso/anexo, todavia agora assaltou-me a dúvida, não só quanto ao significado como à forma de a escrever.

Resposta:

"Adminuculo" não existe, é provavelmente um barbarismo de adminículo. É assim que se encontra há muito dicionarizada a palavra e registada tanto no antigo Vocabulário da Língua Portuguesa <b"> , de Rebelo Gonçalves, como nos recentes Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa <b"> , da Academia Brasileira de Letras, no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa <b"> , da Porto Editora, e no Vocabulário Ortográfico do Português <b"> , no Portal da Língua Portuguesa.

Segundo o Dicionário Houaiss (2009), adminículo é usado, de um modo geral, como sinónimo de subsídio ou de auxílio. Em determinadas áreas profissionais e do conhecimento, toma um significado mais específico: na farmácia, é «uma substância que facilita a ação do medicamento» e, no campo jurídico, é «qualquer elemento que, mesmo sendo secundário, contribua para fazer a prova efetiva de algo».

Se tomarmos em conta que apenso e <b"> anexo significam, de acordo com a mesma fonte, algo «que se juntou a, que se acrescentou a», parece ser possível  estender o sentido de adminículo e usar esta palavra
em frases onde signifique, por exemplo, «algo que se juntou a [um
documento] como auxílio ou subsídio». Contudo, parece estar rest...

Pergunta:

Olá! Entre pesquisas na Internet, acabei por me deparar com o vosso site, e a minha questão penso que lançará um bom desafio:

Eu chamo-me Andreia Filipa da Silva Coucho Pereira; sim, exactamente, Coucho. A minha dúvida seria a origem da palavra e se existe mais alguém com este apelido, o mais longe que eu cheguei foi ao meu bisavô, pai da minha avó paterna.

Enfim, tenho uma profunda curiosidade acerca do meu apelido, Pereiras há muitos, Silvas, aos pontapés, agora uma pessoa com este apelido não conheço.

Resposta:

Entre as diferentes obras consultadas, apenas o Dicionário Onomástico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado (2003), contempla a existência de coucho. A palavra é indicada como um possível apelido e surge na página 514 de Descobrimentos Portugueses, Documentos para a Sua História, publicados e prefaciados por João Martins da Silva Marques, como apelido de Gonçallvez Leca [sic] de Coucho.

Quanto à etimologia da palavra, não encontrámos registo do termo, mas no Dicionário Etimológico Nova Fronteira, de Antônio Geraldo Cunha, temos a palavra cocho, de origem discutível, com os seguintes significados: «tabuleiro para conduzir cal amassada», «caixa onde gira a mó dos amoladores» e «tipo de vasilha para uso do gado». No Brasil, em certas regiões, é também o nome de uma viola de cinco cordas, segundo o Dicionário Houaiss (2009).

É de admitir ainda que coucho poderá ter origem numa outra língua como, por exemplo, o castelhano (espanhol) ou o galego. Por outro lado, não é de excluir a possibilidade de o nome Coucho ter tido outras representações ao nível ortográfico (por exemplo, coxo).

Ainda sobre a existência e o uso da palavra no português europeu, embora esta não seja reconhecida pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, de João Malaca Casteleiro (2010), ou pelo Vocabulário Ortográfico do Português, o certo é que, se a nossa consulente passar por algumas aldeias da Beira Baixa, em Portugal, e, estando com sede, pedir um pouco de água, poderá ser-lhe estendida uma concha de cortiça e ser-lhe dito: «Ide...

Pergunta:

Assistindo em certo telejornal a uma reportagem sobre a seca que está assolando parte do estado de Minas Gerais, ouvi um cidadão afirmar que tal situação o fazia ficar pensaroso. Disse isso com tanta resignação, que não me facultou a ideia de substituir a palavra por pensativo. Então, é pensaroso português correto?

Resposta:

A questão apresentada pelo consulente levanta certas dificuldades, visto que a palavra pensaroso não aparece registada nos vários recursos bibliográficos e eletrónicos que consultámos (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Porto Editora; Portal da Língua Portuguesa; Vocabulário Ortográfico, da Academia Brasileira de Letras). Como o consulente apontou o termo a partir de uma reportagem televisiva, também não é possível determinar se o falante em causa queria dizer penseroso ou pesaroso, termos similares que lográmos encontrar nas nossas pesquisas.

Se o falante da reportagem disse pesaroso, então estaremos perante um adjetivo que, como adianta o Dicionário Houaiss (2009), refere alguém «que tem pesar ou em que há pesar» ou «que se arrepende». Se o termo usado foi penseroso, o Dicionário Aurélio XXI apresenta-o como sinónimo de pensativo, ou seja, ainda de acordo com a mesma fonte, alguém «absorto em pensamentos, meditativo, [...] pensabundo».

Pergunta:

O termo costas pode aplicar-se aos peixes?

Ex.: «O peixe vermelho tem duas barbatanas nas costas.»

Resposta:

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2009) apresenta costas e dorso como termos anatómicos equivalentes para designar a região posterior do corpo e não faz distinção sobre a sua aplicação a seres humanos ou a animais. Por sua vez, o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora (2010), refere tratar-se da parte posterior do tronco humano, mas concede que costas significa também o lombo, definido mais adiante no mesmo dicionário como «a parte carnuda pegada à espinha dorsal nos animais».

Contudo, o Dicionário de Biologia de Abercrombie, Hickman e Johnson não contempla a utilização de costas como equivalente a dorso, sendo este último o termo científico para designar a «parte posterior […] ou face que normalmente está dirigida para cima em relação à gravidade». Do mesmo modo, a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira utiliza os termos dorso e dorsal na classificação da parte posterior da anatomia dos peixes.

Aquilo que parece suceder nos contextos de comunicação do dia a dia é uma extensão de sentido dos diversos termos em causa – costas, dorso, lombo – que são utilizados frequentemente de modo intermutável, sem preocupações científicas ou técnicas. Assim, a frase «O peixe vermelho tem duas barbatanas nas costas» é aceitável nos contextos acima referidos.

Pergunta:

Quando devo usar a expressão «por baixo»?

Resposta:

A informação solicitada sobre o uso da expressão «por baixo» encontra-se nesta resposta.