Não lográmos encontrar um vocábulo específico para designar o local onde se vendem ou se sorteiam rifas. Tal poderá dever-se ao facto de que a rifa é um tipo de sorteio avulso, não sistematizado, cujo organizador não tem como principal atividade a promoção de rifas como um jogo de azar, vendendo-as regularmente num espaço comercial específico.
A conclusão acima apresentada parece contrariar os registos formais que definem e enquadram o que é uma rifa. No caso das ferramentas linguísticas, a definição de rifa apresentada pelos dicionários não especifica as circunstâncias em que se processa a sua venda e não distingue rifa de lotaria. Por exemplo, o Dicionário Houaiss (2009) define rifa como «sorteio de algo, geralmente um bem de valor, mediante a venda de talões numerados», definição semelhante à de lotaria, «forma de jogo de azar em que se compra um bilhete numerado e no qual os prêmios saem para os números sorteados». A distinção parece estar na classificação da rifa como jogo de azar, o que parece ser o caso, uma vez que o jogador depende apenas da sorte (ou do azar) para vencer.
Se avançarmos linguisticamente para uma perspetiva de gramática em uso (sistémico-funcional) e avaliarmos o que significa «jogo de azar», teremos de tomar também em consideração a utilização dos termos acima referidos no contexto jurídico. O enquadramento legal da rifa no Brasil e em Portugal parece apontar, à primeira vista, para a existência de uma atividade comercial sistemática de venda de rifas: a lei das contravenções penais (Brasil) aproxima, de certo modo, rifa a lotaria; o sistema fiscal português preceitua a retenção na fonte de IRC nos rendimentos obtidos relativamente a «prémios de jogo, lotarias, rifas e apostas mútuas, prémios atribuídos em sorteios ou concursos». Assim, se aceitássemos rifa como um jogo de azar, então o local onde se vendem as rifas seriam as casas de jogos, onde se pode comprar lotarias ou fazer apostas. Teríamos de excluir os casinos (ou cassinos), pois estes se caracterizam geralmente por oferecerem outro tipo de jogos de azar diferentes dos sorteios de bilhetes numerados, a par de diversões aos frequentadores, como espetáculos de música e dança, e iríamos também excluir os bingos, locais onde se promove um único tipo de jogo de azar, o bingo.
Contudo, os próprios tribunais brasileiros não têm considerado rifa como jogo de azar. A jurisprudência brasileira, segundo indicam os portais Investidura e Jus Navigandi, considera que a venda de rifas é uma atividade pontual que não tem uma intenção de lucro, não só do organizador, mas também do próprio jogador, normalmente associada à recolha de fundos por organizações de cariz social e religioso (haverá exceções, as quais poderão ter fins fraudulentos e serem ilícitas).
Assim, se tomarmos o termo rifa como a venda de bilhetes numerados sem um fim lucrativo, excluímos também a designação «casa de jogos» como local da venda de rifas, pelo que teremos de usar uma construção analítica, por exemplo «casa de venda de rifas», «casa de rifas», «banca de rifas», «barraquinha de rifas», «lojinha de rifas» ou outras, conforme o local onde estejam a ser vendidas.