Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Somos três alunos estrangeiros a estudar na Univ. do Minho. A pergunta é: qual a diferença na utilização de já e de ainda?

Resposta:

1. "Já" e "ainda" são advérbios.
   a) Quando uma interrogativa contém o advérbio "já" e se pretende dar uma resposta afirmativa, utiliza-se também "já". Se se pretender dar uma resposta negativa, utiliza-se "ainda não".
   Ex.:
   Pergunta: "Já leste este romance?"
   Respostas afirmativas: "Sim, já o li."
   "Já, sim."
   "Já."
   Respostas negativas: "Não, ainda não o li."
   "Não, ainda não."
   "Ainda não."
   b) Quando uma interrogativa contém o advérbio "ainda" e se pretende dar uma resposta afirmativa, utiliza-se também "ainda". Se se pretender dar uma resposta negativa, utiliza-se "já não".
   Ex.:
   Pergunta: "Ainda vais sair?"
   Respostas afirmativas: "Sim, ainda vou."
   "Sim, vou."
   Respostas negativas: "Não, já não vou."
   "Não, já não."
   "Já não."
   2. Vulgarmente, o advérbio "ainda" apresenta os seguintes significados:
   a) até agora, até ao momento presente
   Ex.: "Ele ainda não voltou."
   "Este velho carro ainda participa em corridas."
   b) até então, até àquele momento
   Ex.: "Quando o filho nasceu, ele ainda morava em Lisboa."
   c) um dia, algum dia (no futuro)
   Ex.: "Tu ainda hás-de ser muito feliz."
   d) precisamente, exactamente, mesmo
   Ex.: "Ainda ontem o vi."
   e) mais, além disso, também
   Ex.: "Fui jantar, comi muito bem e ainda me diverti com a conversa do Miguel."
   f) afinal, por fim, finalmente
   Ex.: "Tenho de arrumar a casa, ir às ...

Pergunta:

Eu gostaria de saber:

Articuladores de discurso.

Obrigada.

Resposta:

Como não refere que dúvida tem a respeito dos articuladores do discurso, vou clarificar o conceito, referir os tipos e alguns sentidos.

As palavras ou expressões que, num texto, permitem a passagem de uma ideia a outra ou a relação entre duas ideias denominam-se articuladores do discurso. Eles ligam orações num período, períodos num parágrafo e parágrafos entre si.

Morfologicamente, os articuladores podem ser conjunções e locuções conjuncionais coordenativas e subordinativas, advérbios, preposições e locuções preposicionais e pronomes. Podem ainda ser simples expressões nominais (ex.: "por outras palavras") ou verbais (ex.: "significa isto que").

Os articuladores podem exprimir: adição, causa, chamada de atenção, certeza, concessão, conclusão, condição, consequência, contraste, dúvida, ênfase, esclarecimento, exemplificação, finalidade, hipótese, ligação espacial, ligação temporal, opinião, oposição, semelhança, síntese.

Pergunta:

Eu gostaria de saber:

Alguns registos populares de língua.

Obrigada e espero que me possam ajudar!!!

Resposta:

Não é explicita a dúvida que tem a respeito dos registos de língua.

Penso que pretende referir-se a variações da língua caracterizadas por marcas sociolinguísticas particulares (escolha do vocabulário, atitude em relação às indicações da gramática normativa, aspectos referentes à pronúncia, à entoação, etc.). Dito de outro modo, a hierarquia dos usos linguísticos de acordo com as normas sociais e estéticas.

Nesta acepção, o registo popular compreende três realizações:
   – os regionalismos;
   – a gíria;
   – o calão.

Os regionalismos são realizações da língua características de determinadas regiões, que apresentam diferenças em relação à língua corrente, diferenças essas de natureza fonética, morfológica, lexical, sintáctica e semântica. Reflectem variações dialectológicas.

As gírias são códigos construídos por grupos profissionais ou sociais que têm implícita a intenção de se individualizarem, não sendo, originariamente, compreendidos pela generalidade dos falantes que não pertencem a esse grupo. É o caso da gíria académica, da gíria futebolística, da gíria dos pescadores, etc. Há normalmente o respeito pela sintaxe e, com raras excepções, pelos hábitos morfológicos da língua. A sua originalidade e diversidade é de natureza lexical: metáforas, deformações e modificações de palavras da língua corrente, criações de vocábulos.

O calão é uma realização linguística socialmente desvalorizada, caracterizada pela utilização de termos baixos e grosseiros e obscenidades.

Pergunta:

Gostaria de saber como analisar morfológica e sintaticamente "como que" e "como" nas frases abaixo:

"A semana passada em Ambricourt me deixou inexplicável impressão de segurança e como que uma promessa de felicidade";
"A bruxa tinha nas mãos algo como uma pedra preciosa".

Obrigado.

Resposta:

1. O vocábulo "como" assume várias funções gramaticais.

   Segundo a gramática tradicional portuguesa, morfologicamente, os vocábulos "como" e "como que" nos exemplos apresentados são conjunções subordinativas comparativas.

   Não têm denominação sintáctica: as conjunções são vocábulos que servem para relacionar duas orações ou termos de orações, mas que não têm em si uma função sintáctica no interior da oração.

   2. No caso da primeira frase, sob o ponto de vista semântico a expressão "como que" significa "algo semelhante a", "algo como se fosse", estando aí, pois, presente a ideia de comparação.

   No entanto, sob o ponto de vista sintáctico, o facto de não estar expressa a palavra "algo", que constituiria o 1.º termo de comparação, poderia levar a que essa locução "como que" pudesse ser entendida como uma partícula expletiva ou até como um advérbio (= aproximadamente, mais ou menos).

   Considerando todos os aspectos, e, sobretudo o facto de esta frase ter de ser também analisada sob o ponto de vista da estilística, o valor semântico condiciona o sintáctico e a classificação morfológica é a de conjunção comparativa, melhor dizendo, locução conjuncional comparativa, já que é composta por duas palavras.

   3. No caso da segunda frase, está omissa parte da segunda oração: "como se fosse uma pedra preciosa". O vocábulo "como" é uma conjunção comparativa pois introduz uma comparação com uma parte da oração anterior (algo).

Pergunta:

Qual é o nome completo do PVC: Cloreto de polivinilo ou Policloreto de vinilo? Tenho procurado em muitos locais, e já encontrei as duas versões em fontes fidedignas.

Haverá alguma versão aconselhada ou melhor?

Agradeço a disponibilidade.

Resposta:

A sigla P.V.C. significa policloreto de vinilo.

Registam desta forma duas obras de referência:

   - a obra de Chang, Química, da Ed. Mc Grawhill, tradução portuguesa da responsabilidade do Instituto Superior Técnico de Lisboa, pp. 1092 e 1095, cuja consulta será esclarecedora para a clarificação a nível dos conceitos de Química;
   - O Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio, Século XXI.