Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Gostaria de uma informação concreta sobre o plural dos diminutivos – qual a regra que se deve utilizar?

Muitíssimo obrigado.

Resposta:

O plural dos diminutivos em geral forma-se acrescentando um -s ao singular. Ex.: pequeninos, riachos, barbichas, papeluchos, casebres, livrecos, burricos, ruelas, rapazelhos, lugarejos, pecadilhos, lembretes, saletas, rapazitos, casitas, velhotes, chuviscos, chamuscos, rapazolas. O plural dos diminutivos formados com os sufixos -zinho ou -zito faz-se juntando estes sufixos no plural (-zinhos; -zitos) às formas do plural das respectivas palavras primitivas, depois de suprimido o -s final. Ex.: mãozinhas (mãos + zinhas), cãezitos (cães + zitos), oraçõezinhas (orações + zinhas), papeizinhos (papéis + zinhos), colarezinhos (colares + zinhos), repteizitos (répteis + zitos).

Pergunta:

Encontro-me em fase final de escrita da tese de doutoramento e tenho dúvidas relativamente à escrita de algumas palavras. Não sei se será mais correcto escrever cicloxigenase ou ciclo-oxigenase ou ciclooxigenase. Em inglês escreve-se Cyclo-oxygenase; qual será a tradução mais correcta?
Relativamente a palavras com h no meio, como por exemplo, tetrahidrofurano, fitohemaglutinina, devo separar a palavra usando um hífen ou escrever a palavra sem h:
fito-hemaglutinina ou fitoemaglutinina ou fitohemaglutinina?
tetra-hidrofurano ou tetraidrofurano ou tetrahidrofurano?
Muito obrigada.

Resposta:

A tradução aconselhável será cicloxigenase. Quanto às duas palavras compostas por um radical erudito terminado em vogal e outro começado por "h", deverá uni-las sem hífen e suprimindo o "h": fitoemaglobina (registada no Dicionário Médico de Stedman, 1996) e tetraidrofurano (registada no Dicionário Aurélio século XXI).

Pergunta:

A minha dúvida é muito simples, mas quero ter certeza. Dúvida:

A alternativa cuja sílaba tônica das palavras esteja certa:

a) revolver, maquinaria

b) amem, somente

c) cantaram, seria

d) sabia, rubrica

Obs.: a dúvida é entre a) e d) pois estão certas para mim. No Aurélio há revólver e revolver.

Na letra D tem o verbo e substantivo?!?

Resposta:

Os exemplos que apresenta podem representar diferentes palavras, cada uma com a sua acentuação.

a) Revólver. A sílaba tónica é a penúltima, se se tratar do substantivo que significa um tipo de arma de fogo. É uma palavra grave. Ex.: «No assalto, o homem usou um revólver. » Nada de confundirmos com revolver, o infinitivo do verbo revolver, que significa remexer, misturar, revirar.  A sílaba tónica é a última; logo,  é uma palavra aguda. Ex.: «A galinha está a revolver a terra à procura de comida.» 

b) Maquinaria. A sílaba tónica é a penúltima, quer se trate do substantivo, quer de uma forma do verbo maquinar (que significa tramar, urdir, conspirar), no condicional. É uma palavra grave. Ex.: «Esta maquinaria está velha. / Achas que ele maquinaria (conceberia) uma armadilha dessas?»

c) Amem. A sílaba tónica é a primeira, se se tratar do verbo amar no presente do conjuntivo. É uma palavra grave. Ex.: «Amem as crianças, que elas são inocentes.»  Diferente de amém, cuja sílaba tónica é a última, com acento agudo, se se tratar da palavra litúrgica; significa «assim seja».

d) Somente. A sílaba tónica é a penúltima. É uma palavra grave.

d) Cantaram. A sílaba tónica é a penúltima. Trata-se do pretérito perfeito do verbo cantar. É uma palavra grave. É diferente da forma "cantarã...

Pergunta:

Gostaria de conhecer um exemplo de fonemas do português que estão em distribuição complementar.

Resposta:

Distribuição complementar é termo usado em linguística quando se pretende dizer que realizações diferentes de um mesmo fonema ocorrem em contextos que se excluem mutuamente. É o contexto que determina o aparecimento de uma ou outra variante do fonema. São variantes contextuais, ou seja, no contexto em que ocorre uma variante, geralmente não ocorre a outra. Por isso se diz que as variantes contextuais de um fonema estão em distribuição complementar.

Exemplificando, /l/ em início de sílaba é sempre pronunciado como apical, mas em final de sílaba pronuncia-se velarizado (ex.: lábio e mal); os fonemas /b d g/ em início de palavra ou início de sílaba precedidos de consoante têm a realização de oclusiva perfeita, .mas em posição intervocálica tornam-se oclusivas imperfeitas ou espirantes por causa da inércia da produção do primeiro som vocálico que exige uma abertura, contrariada pela oclusão que se segue, de imediato desfeita por nova abertura para a produção do segundo som vocálico (ex.: bota e aba; dente e cada; gato e paga).ção complementar.

Pergunta:

Gostaria de informações sobre o título «oratória». Sou professor e preciso aplicar este assunto com meus alunos, mas não conheço nenhuma literatura (fonte) para pesquisa. Necessito saber todas as regras, todos os procedimentos.

Resposta:

Não sei se compreendi bem o que pretende. O tema que me dá é muito vasto. Não sei que aspecto da oratória pretende aprofundar (sagrada?, política?, em geral?, visão histórica?, técnicas de retórica?). Refiro-lhe alguns títulos de natureza diversa: Oratória: Dale Carnegie – Como Falar Facilmente (trad. de Mário Domingues). Porto: Civilização, 1993. José Antunes – "As duas faces do poder na oratória sagrada portuguesa", in Actas do I Congresso da APEC. Associação de Estudos Clássicos, Universidade de Coimbra, 1998. José Gonçalves Lage – Elementos de oratoria: comprehendendo as prescripções do programma dos lyceus. Coimbra: Liv. Portugueza e Estrangeira, 1883. Maria de Jesus Sousa de Oliveira e Silva – A Prática da Oratória na Capela da Universidade de Coimbra entre os anos de 1850 a 1910. Coimbra: Faculdade de Letras, 1991. Michel Nouhaud – L'utilisation de l'histoire par les orateurs attiques. Paris: Les Belles Lettres, 1982. Retórica: A. Cascardi et alii – Retórica e Comunicação (org. Manuel Maria Carrilho). Porto: Asa, 1994. Actas del II Congreso Internacional de Salamanca, 1997: Retórica, política e ideología: desde la Antiguedad hasta nuestros dias. Salamanca: Logo, 1998. Actas do Congresso Internacional: A Retórica Greco-Latina e a sua Perenidade, 1997. Instituto de Estudos Clássicos, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Porto: Fund. Eng. António de Almeida, 2000. Albert O. Hirschman – A Retórica da Intransigência: perversidade, futilidade, ameaça. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. Albert W. Halsall – L'art de convaincre: le récit pragmatique, rhétorique, idéologie, propagande. Toronto: Les Éditions Paratexte, 1988. Alexandre Coutinho – Escrita, Retórica e Representação, Instrumentos do Poder. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, 1992. Alfredo Gaspar – Instituições da Retórica Forense: com um apêndice sobre a arte de perguntar. Coimbra: Livraria Minerva, 1998. André Gosselin – A Lógica dos Espíritos Perversos: ciên...