Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Neste momento estou a realizar um trabalho que consiste na análise sintáctica de um texto.

Porém, tenho algumas dúvidas. Agradecia muito que me ajudassem a proceder à análise sintáctica da seguinte frase:

"Ponto é agora, sobretudo, que a requalificação urbana venha a concretizar-se bem e nos prazos previstos, após injustificados atrasos no seu arranque e complicações posteriores."

Resposta:

Será que a frase foi bem digitada e começa por "ponto"? Não falta nenhuma palavra? Vou partir do princípio de que é mesmo esta frase que quer que eu analise. Em primeiro lugar, a frase está mal redigida: não tem unidade, nem clareza nem concisão. Mas, vamos à sua análise sintáctica. A frase tem duas orações: 1.ª - ponto é agora, sobretudo; 2.ª - que a requalificação urbana venha a concretizar-se bem e nos prazos previstos, após injustificados atrasos no seu arranque e complicações posteriores. A 1.ª é a oração principal subordinante, a 2.ª é uma oração subordinada integrante (ou completiva). Na 1.ª oração: – predicado: é ponto (subentende-se "assente"?, "definido"?, "de honra"?) – trata-se de um predicado nominal; – nome predicativo do sujeito: ponto; – sujeito: a oração seguinte; – complemento circunstancial de tempo: agora. Na 2.ª oração: – predicado: venha a concretizar-se – trata-se de um predicado verbal na conjugação perifrástica e reflexa; – sujeito: a requalificação urbana; – atributo: urbana; – complemento circunstancial de modo: bem; – complemento circunstancial de tempo: nos prazos previstos; – complemento circunstancial de tempo: após injustificados atrasos no seu arranque e complicações posteriores; – atributos: injustificados, posteriores.

Pergunta:

Numa frase onde tenho que indicar o singular e o plural simultaneamente, está certo usar da seguinte forma:

"Nome da(s) área(s), cargo(s) ou função (ões) que terá (ão) acesso ao registro da qualidade."

A dúvida é na expressão (ões). O que posso usar?? Está certo assim???

Resposta:

Em situações deste tipo, de instruções para o preenchimento de formulários ou redacção de requerimentos ou outros textos, é usual a colocação dos plurais entre parêntesis, como o fez. E fez bem: alterou o que muda quando a palavra está no plural.

Pergunta:

Olá, meu nome é Vanessa, tenho 20 anos e sou estudante de Letras em Juiz de Fora, estou no segundo período, acesso aqui mesmo de minha casa em Três Rios, interior do Rio de Janeiro.

Estou aqui para pedir ajuda de vocês em relação a esse tema. Gostaria de saber se tem como vocês me esclarecerem tudo sobre isso. Tenho um trabalho super importante para fazer na matéria de Linguística I , e não sei onde procurar.

Ficarei muito grata se puder contar com a colaboração de vocês.

Muito obrigada por esse espaço.

Um grande abraço.

Resposta:

Um morfema é definido como a unidade mínima gramatical de uma língua ou a menor unidade portadora de significado. Consoante esses morfemas possam ou não constituir uma palavra, assim se denominam de morfemas livres ou presos. Exemplos de morfemas livres: a, que, mar. Exemplos de morfemas presos: menina ("a", morfema do feminino), meninos ("s", morfema do plural). Morfemas livres são, então, aqueles que, por si só, podem constituir uma palavra, um vocábulo. Os morfemas livres podem ser gramaticais ou lexicais. Um morfema gramatical é, como o nome indica, aquele que exprime relações gramaticais entre a palavra e o seu contexto. Um morfema lexical é um morfema com referente, com significação em relação à realidade e não apenas ao sistema linguístico. Em qualquer obra de iniciação à linguística poderá obter informação sobre os morfemas e seus tipos. Consultando uma gramática, encontrará nos artigos, nas preposições, nos pronomes, nas conjunções, exemplos de morfemas gramaticais livres, de que refiro apenas alguns: a, e, o, de, por, que, mas. Pesquisando num dicionário, descobrirá inúmeras palavras primitivas, formadas apenas pelo radical. Alguns exemplos: lar, sol, pá, pé, azul.

Pergunta:

Volto a escrever para resolver uma dúvida quanto ao uso da palavra se em frases como: "Isso pode ser notado, olhando-se a criança de perto." Ou devemos dizer: "Isso pode ser notado, olhando a criança de perto"?
Tenho a mesma dúvida em frases como:
"Pode-se obter tal resultado, mantendo-se o animal preso."
Quando devemos usar o se em frases desse tipo?
Obrigada.

Resposta:

Volto a escrever para resolver uma dúvida quanto ao uso da palavra se em A utilização do gerúndio nem sempre é a melhor opção se se pretende uma frase simples, escorreita. Quando o gerúndio exprime uma circunstância cujo sujeito é o da oração na qual ele se integra ou da qual depende, a sua utilização é muitas vezes a adequada, mas, quando esse sujeito é diferente, a construção pode tornar-se menos elegante. Por outro lado, a utilização da passiva em vez da activa é mais um elemento a contribuir para a complexidade e, eventualmente, menor elegância de uma frase. Os casos que apresenta têm precisamente essa junção de gerúndio com sujeito diferente do da oração da qual depende, voz passiva com verbo ser, voz passiva com partícula apassivante. Não corresponderiam ao que quer dizer, por exemplo, as frases na voz activa "Pode (ou podem) notar isso olhando a criança de frente.", "Poderá notar isso, se olhar a criança de frente.", "Poderá notar isso, quando olhar a criança de frente." e "Pode (ou podem) obter tal resultado mantendo o animal preso."? A utilização da partícula apassivante com o gerúndio torna a construção ainda mais pesada, mas é o que deverá fazer no caso da primeira frase, se quiser ser totalmente clara: "Isso pode ser notado, olhando-se a criança de perto." No caso da segunda frase, deverá dispensar a partícula apassivante no gerúndio e construir a frase desta forma :"Pode-se obter tal resultado mantendo o animal preso." Isto porque, como a construção do verbo é a mesma (passiva com partícula apassivante em "pode" e em "mantendo"), não é necessária a repetição da partícula. Acontece o mesmo na construção passiva com o auxiliar ser. Ex.:"Foram feitos os convites e recebidas as prendas." Cf. Gerúndio + se.rases como: "Isso pode ser notado, olhando-se a criança de perto." Ou devemos dizer: "Isso pode ser notado, olhando a criança de perto"?

Tenho a mesma dúvida em frases como:

Pergunta:

Não consegui identificar a função do segundo que na seguinte oração: Será que o senhor acredita nas teorias de Van Horner e John Ball, de que devemos ficar em silêncio, sem responder nada, evitando que os monstros cósmicos venham e nos destruam?
Pensei em pronome relativo, mas não consegui substituí-lo pelo antecedente de modo que a oração ficasse com sentido.
Os senhores poderiam explicar-me a função dele nessa oração?

Resposta:

Trata-se de uma conjunção subordinativa integrante, tendo, pois, a função de ligar a oração substantiva integrante (ou completiva) que introduz ao substantivo de que depende. A oração integrante é "de que devemos ficar em silêncio, sem responder nada, evitando" e o substantivo do qual ela depende é "teorias". As orações substantivas integrantes (ou completivas) podem ser introduzidas pela conjunção "que" precedida da preposição "de", ligando-se a um substantivo, ou seja, desempenhando a função de complemento nominal desse substantivo. Ex.: Rousseau defendia o princípio de que o homem é naturalmente bom.