Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Sou professor de Português na Suécia numa turma de alunos provenientes de Portugal, Brasil e Cabo Verde.

Constatei uma certa oscilação no uso de «pegar uma coisa» e «pegar numa coisa».

Gostaria de saber se as duas variantes são aceites nos diferentes países lusófonos, ou se estamos perante um uso diferenciado.

Resposta:

O verbo pegar tem muitas acepções. No sentido de «segurar», «agarrar num objecto», este verbo, em Portugal, emprega-se com a preposição em: «pegar no livro», «pegar nas chaves de casa».

No Brasil, o verbo pegar é normalmente utilizado nas mesmas acepções que em Portugal e, ainda, noutras («pegar o ônibus», por exemplo). O emprego do verbo sem preposição ocorre no Brasil em várias acepções e, também, na de «agarrar num objecto».

Cf. Diferenças lexicais entre duas variedades da língua portuguesa

Pergunta:

"Promovendo a saúde" ou "promovendo saúde"?

Quais as regências de promover?

Resposta:

O verbo promover pede complemento directo sem preposição, que é o caso de qualquer dos exemplos que apresentou.

O usual é o emprego da expressão “promover a saúde” (ex.: “Com este tipo de acções, promove-se a saúde pública.”), e não “promover saúde”, mas a utilização, ou não, do artigo definido (“a”) antes do respectivo substantivo (“saúde”) depende do contexto, do que se pretende dizer, se se quer particularizar, especificar (“a saúde”), se se quer generalizar, dar uma maior amplitude à palavra, ou uma certa conotação (“saúde”), pelo que poderá acontecer que, num determinado contexto, esta segunda construção seja aceitável.

A palavra “saúde” sem artigo é utilizada em expressões como as seguintes: “vender saúde”, “ter saúde”, “estar de boa saúde”.

Pergunta:

Conheço algumas professoras primárias que constantemente dizem "antes quero" em vez de "prefiro". Está correcto?

Resposta:

A substituição de “prefiro” por “antes quero” pode ser correcta, sim.

Preferir significa querer mais a uma pessoa, ser ou coisa do que a outra, antepor. Antes é um advérbio que pode significar “de preferência”. Assim, em certos contextos, “preferir” pode ser substituído por “antes querer”, acepção registada no Dicionário Aurélio Século XXI: querer antes, achar melhor, antepor.

Pergunta:

Sou estudante do segundo ano do ensino médio.

Gostaria de saber quais os tempos compostos do verbo (exemplifique por favor).

Resposta:

Os tempos compostos são:
1 – O Pretérito Perfeito Composto do Indicativo: tenho falado.
2 – O Pretérito Mais-que-Perfeito Composto do Indicativo: tinha falado.
3 – O Pretérito Mais-que-Perfeito Anterior, do Indicativo: tivera falado.
4 – O Futuro Perfeito do Indicativo (Futuro do Presente Composto): terei falado.
5 – O Condicional Perfeito ou Pretérito (Futuro do Pretérito Composto): teria falado.
6 – O Pretérito Perfeito do Conjuntivo: tenha falado.
7 – O Pretérito Mais-que-Perfeito do Conjuntivo: tivesse falado.
8 – O Futuro Perfeito do Conjuntivo (Futuro Composto do Conjuntivo): tiver falado.
9 – O Infinitivo Impessoal Perfeito ou Passado (Infinitivo Impessoal Composto): ter falado.
10 – O Infinitivo Pessoal Perfeito ou Passado (Infinitivo Pessoal Composto): ter (eu) falado, teres (tu) falado, etc.
11 – O Gerúndio Perfeito (Gerúndio Composto): tendo falado.

Pergunta:

Sou estudante do segundo ano do ensino médio.

Gostaria de saber como se forma o imperativo afirmativo e negativo de um verbo.

Resposta:

1. O Imperativo forma-se do tema do Presente. Tem apenas uma pessoa, a segunda, no singular e no plural.

a) 1.ª conjugação: fala (tu), falai (vós);
b) 2.ª conjugação: vende (tu), vendei (vós);
c) 3.ª conjugação: parte (tu), parti (vós).

2. Quando se pretende utilizar a negativa, em vez do Imperativo, emprega-se o Presente do Conjuntivo na negativa:
a) não fales, não fale, não falemos, não faleis, não falem;
b) não vendas, não venda, não vendamos, não vendais, não vendam;
c) não partas, não parta, não partamos, não partais, não partam.