Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

   Peço o favor de tirarem-me esta dúvida a respeito da contração da preposição de com os artigos o, a, os, as:
   Por exemplo:
   Por que não se pode fazer a contração da preposição de com o artigo a nesta frase:
   «Está na hora da criança dormir.»
   Por favor, envie outros exemplos para que eu possa entender melhor.
   Obrigada.

Resposta:

   1. A preposição de não se contrai com o artigo definido, quando seguida de construções de infinitivo.
   Exemplos:
   a) «O facto de o irmão lhe ter dito que não vinha preocupou-o.»
   b) «É vulgar a ideia de as mulheres gostarem de flores.»
   c) «Este é o momento de os homens se unirem
   2. Também não se contrai com o pronome.
   Exemplos:
   a) «Gostámos de o ver.»
   b) «Ele tem de os recompensar.»
   c) «Ela ficou com receio de a ter incomodado.»
   d) «Tenho a liberdade de os contratar.»
   e) «Ele manifestou o desejo de a tornar a ver.»

Pergunta:

Na expressão "...não nos podem deixar de fazer pensar estarmos perante..." a colocação de "nos" está correcta? Tem-me sido dito que o mais correcto seria: "... não podem deixar de nos fazer pensar estarmos perante...". Não estarão ambas correctas?

Resposta:

As expressões descontextualizadas por vezes não têm informação suficiente que permita o esclarecimento da dúvida. Poderá o consulente estar a ver a expressão num determinado contexto e nós a concebê-la noutro, não sendo, portanto, a nossa resposta suficientemente esclarecedora.

Com os elementos que fornece, só me parece aceitável a última construção, em frases como:

a) “Decisões destas não podem deixar de nos fazer pensar estarmos perante um indivíduo brilhante.”;
b) “Estes acontecimentos não podem deixar de nos fazer pensar estarmos perante a iminência de um grave conflito.”
c) “As vossas palavras não podem deixar de nos fazer pensar estarmos perante algo muito sério.”

O pronome deverá situar-se junto do verbo ao qual diz respeito. Se compreendi bem, as decisões, os acontecimentos, as palavras, seja o que for, fazem alguém pensar (“nos”). Em construções perifrásticas, em frases neutras (não enfáticas), o pronome deverá acompanhar o verbo principal, e não o auxiliar da perifrástica.

Pergunta:

O que significa “macalogia”?

Contexto: Museu Mun. de Peniche, com secções de macalogia...

Resposta:

Não haverá uma gralha, sendo a palavra em causa “malacologia”?

Malacologia (do grego malakos, mole, e logos, tratado) designa o ramo da Zoologia que trata dos animais de corpo mole, ou seja, dos moluscos.

Pergunta:

Qual das frases abaixo está corretamente redigida?

"Parecia-lhe que havia muitos anos já vendia madeira."

"Parecia-lhe que houvesse muitos anos já vendia madeira."

Muito obrigado.

Resposta:

As frases e expressões descontextualizadas podem não ser as mais adequadas ao esclarecimento de dúvidas, porque, por vezes, o consulente está a vê-las num determinado contexto e nós a imaginá-las noutro, não indo a nossa resposta ao encontro do pretendido.

Está correcta a utilização dos tempos verbais da primeira frase: “Parecia-lhe que já vendia madeira havia muitos anos.”

Quanto à segunda frase, não é adequado o emprego do pretérito imperfeito do conjuntivo. Não está aqui expressa na oração principal nem vontade, nem apreciação, nem dúvida, mas a constatação de uma realidade.

Pergunta:

Eu sou um engenheiro de ‘software’ e estou a aceder ao vosso ‘site’ a partir do trabalho. Tenho uma dúvida de certo modo urgente já que no trabalho não tenho maneira de a esclarecer e necessito da resposta.

Já consultei uma resposta a uma pergunta semelhante feita por outra pessoa mas não me chegou. O título era "Géneros textuais".

O que eu queria era uma explicação dos "tipos de texto" que são ensinados aos alunos nas escolas portuguesas actualmente. Eu tenho apenas uma recordação vaga deste tema dos meus tempos de escola, mas tenho a ideia que um desses "tipos" (hesito em chamar-lhe género, baseado na leitura da resposta que mencionei) seria a narrativa. Um amigo sugeriu mais uns quantos, como crónica, artigo, comentário, poema. O que eu queria era saber como é este tema ensinado actualmente nas escolas portuguesas. Até que ponto a classificação dos textos é pormenorizada? Segundo os cinco géneros mencionados na resposta que referi (a narrativa, a descrição, a argumentação, a explicação e o diálogo) ou com mais pormenor (de acordo com os exemplos que referi, crónica, etc.)?

Obrigado.

Resposta:

Dois pontos prévios:

1. O termo “escolas portuguesas” é muito genérico e, simultaneamente, vago. Não sei a que escolas se quer referir.

2. Está a ser lançada uma reorganização curricular, havendo já documentos em estudo para alteração de programas.

Vou responder-lhe, então, fazendo um percurso pelos vários níveis de ensino e referindo os programas ainda em vigor.

No 1.º Ciclo do Ensino Básico (1.º ao 4.º ano de escolaridade), os alunos têm contacto com pequenos textos em poesia (acerca dos quais apenas são informados de que são textos de poesia ou poemas) e pequenas narrativas. Os alunos, além de interpretarem esses textos, são orientados na sua produção: escrevem pequenos episódios ou narrativas. Também são ensinados a escrever pequenos diálogos. Ficam a conhecer as palavras e conceito genérico de poesia, quadra, história ou narrativa, conto, fábula e diálogo.

No 2.º Ciclo do Ensino Básico (5.º e 6.º ano), os alunos estudam textos narrativos, textos de poesia e textos de teatro, e produzem pequenos textos. Têm, também, contacto com notícias e textos publicitários, mas apenas a nível da leitura, e não da sua produção. Aos termos já conhecidos, soma-se o de peça de teatro.

No 3.º Ciclo do Ensino Básico (7.º, 8.º e 9.º ano), os alunos estudam com mais profundidade textos narrativos, poéticos e dramáticos, sistematizando as suas características. Também consta dos programas, a nível da Leitura, uma rubrica intitulada “Outros Textos”, onde se indica o tratamento de notícias, textos publicitários, entrevistas, reportagens, críticas a espectáculos e banda desenhada. Como produção de texto, é previsto que os alunos continuem a treinar textos que desenvolvam o gosto pela escrita (narrativa, poesia, etc.), mas também que apren...