Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Gostaria que indicassem o imperativo e o pronome possessivo correspondente nas frases seguintes:
____ (dar-vocês) ao ____filho um amigo.
____ (dar-vocês) ao_____filho um amigo.
____ (dar-vocês) aos______filhos um amigo.
Eu sou professora e tive acesso a esta página desde casa. Aguardo ansiosamente uma resposta.

Resposta:

As frases deverão ser assim construídas:
1 – Dêem (vocês) ao seu filho um amigo.
2 – Dêem (vocês) aos seus filhos um amigo.
Está aqui utilizado o presente do conjuntivo com valor de imperativo. A forma de tratamento “vocês” leva o verbo para a 3.ª pessoa do plural e os possessivos para a 3.ª pessoa (do singular ou do plural, do masculino ou do feminino, conforme o número e o género do ser a que os possessivos se referem).
Se pretendesse utilizar a forma de tratamento “vós”, utilizar-se-ia o imperativo, e os possessivos ficariam na 2.ª pessoa:
1 – Dai (vós) ao vosso filho um amigo.
2 – Dai (vós) aos vossos filhos um amigo.

Pergunta:

Minha empresa está elaborando uma pesquisa interna para avaliar as opiniões dos funcionários sobre uma apresentação realizada pela diretoria a todos os gerentes. Durante o estágio de revisão das questões da pesquisa surgiu uma dúvida. Algumas questões faziam referência à apresentação da seguinte forma:
"Em sua opinião, a seção/sessão denominada "Estratégia", apresentada por Sr. X, que explicou como a empresa, etc., etc., etc."
No processo de revisão, algumas pessoas argumentavam que sessão seria a grafia correta, uma vez que designaria uma parcela de tempo na qual um grupo de pessoas esteve reunida assistindo a um assunto específico. Outro grupo argumentava que seção seria a palavra correta, uma vez que fazia-se menção a uma parte/segmento da apresentação que foi feita. Qual seria a grafia correta nesse caso? Existem argumentos satisfatórios para justificar ambas as grafias? Confesso que quando chequei o dicionário Aurélio para esclarecer minha dúvida fiquei ainda mais confuso.
Muito obrigado pelo auxílio.

Resposta:

No contexto que apresenta, a palavra a utilizar deverá ser “sessão”, que, disse muito bem, designa o período de tempo durante o qual dura uma reunião, uma apresentação, mas também a própria reunião em si, que muitas vezes se denomina de sessão: uma sessão de trabalho, por exemplo.
A palavra secção (seção, na grafia do Brasil) designa uma parte de um todo, um segmento, uma divisão, tendo uma composição material, espacial, estática, e não temporal, de acção ou dinâmica, como a sessão.

Pergunta:

Numa resposta anterior propuseram a palavra colisor como tradução do termo inglês "collider". Até agora usava o termo colisionador. Qual lhes parece melhor e porquê?

Resposta:

O Dicionário Novo Aurélio Século XXI regista o termo colisor, formado do latim collisus, particípio passado do verbo collidere, “colidir”, + -or, para traduzir o inglês collider.
Não encontrei registos do termo “colisionador”.

Pergunta:

Não entendi a análise da frase «A música é agradável ao ouvido» feita por Maria Regina Rocha em resposta à dúvida enviada pelo consulente Michael Peressin.
O termo «ao ouvido» teve sua função sintática definida como objeto indireto.
Não seria «ao ouvido» um complemento nominal?
Como pode haver um objeto direto numa frase em que há apenas um verbo de ligação?
Muito obrigado.

Resposta:

Designamos de complemento indirecto o termo que apresente estas quatro características:
1. Ser introduzido pela preposição “a”.
2. Geralmente, designar um ser animado ou concebido como tal.
3. Expressar o significado gramatical de beneficiário ou destinatário do predicado.
4. Ser substituível pelo pronome pessoal, forma de complemento indirecto (me, te, lhe, nos, vos, lhes).
A designação de complemento indirecto remonta à gramática tradicional.
Complemento nominal é uma designação mais recente, decorrente da tentativa de interpretar expansões de substantivos. De entre os complementos nominais, há um denominado «complemento nominal objectivo indirecto ou terminativo», que é introduzido pela preposição “a” e apresenta, como o nome indica, alguma proximidade com o complemento indirecto. Por exemplo, na frase «Não é fácil a resposta a esta pergunta.», o termo «a esta pergunta» é um complemento nominal objectivo indirecto ou terminativo de «a resposta».
Na frase em apreço («A música é agradável ao ouvido.»), classifiquei, realmente, o termo «ao ouvido» como complemento indirecto, considerando como predicativo do sujeito apenas o termo «agradável». Assim, poderia ser agradável ao seu ouvido mas não ser ao meu, por exemplo. A pergunta que está na base desta interpretação é: «A música é agradável a quem?». E o termo «ao ouvido» será um complemento do predicado, e não do nome predicativo. E, considerando que «ouvido» designa algo concebido como um ser animado, podendo ser substituído por “lhe” («A música é-lhe agradável.»), estão satisfeitas as características do complemento indirecto.
Quanto à observação que faz a respeito da natureza do verbo (vulgarmente classificado de verbo de ligação), refira-se que muitas d...

Pergunta:

Acabo de ler o Programa Nacional para as Alterações Climáticas.
A determinado momento, o texto corre da seguinte forma:
"...A internalização das externalidades no preço dos combustíveis (...) deverá começar a ser encarada no leque dos instrumentos..."
A pergunta simples: de onde apareceram "Internalizar" e "Externalidade"?
Obrigado.

Resposta:

Internalizar provém do inglês “to internalize” e significa tornar interior, interiorizar.
Externalidade é um vocábulo utilizado na área da economia. Designa o fenómeno externo a uma empresa ou indústria que causa aumento ou diminuição no seu custo de produção, sem que haja transação monetária envolvida. No inglês, “externality”.
São simultaneamente estrangeirismos e neologismos. Os termos portugueses originariamente correspondentes aos vocábulos ingleses são interiorizar e exterioridade, que têm uma acepção genérica, comum, não específica de nenhuma área.