Pergunta:
Reparei, há tempos, numa opção de um autor de um Glossário em que se contempla a expressão "recém-nascido" como um exemplo de palavra derivada por prefixação. Tendo em conta que "recém" poderá ser considerado um adjectivo (se bem que não usado isoladamente) com sentido autónomo e inequívoco, não poderia esta expressão ser considerada como uma palavra composta?
Confundem-me, ainda, algumas situações de morfemas considerados prefixos mas cujo sentido é mais completo que "in-", "ex-" ou "per-" – como no caso de "mega", "auto", "hiper"... Existe algum tipo de classificação intermédia para estes morfemas que, não sendo utilizados isoladamente têm, no entanto, o comportamento de adjectivos?
Obrigada pela atenção.
Resposta:
O elemento de composição recém é uma forma apocopada do adjectivo recente, logo, a palavra recém-nascido é uma palavra composta, em que um adjectivo com função adverbial (recém) e uma forma verbal (nascido) originam a nova palavra.
Em relação à segunda questão, não conheço, na gramática tradicional, nenhuma classificação intermédia de prefixos. Por outro lado, as fronteiras entre composição e derivação nem sempre são claras. Note que mega(lo)- e auto-, segundo a Nova Gramática do Português, de C. Cunha e L. Cintra, são radicais e não prefixos, que entram na composição de palavras eruditas.