. - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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Textos publicados pelo autor
Dicionário de Falares do Alentejo (3.ª edição)
Por Vítor F. Barros e Lourivaldo Martins Guerreiro

«Borracheiro», que – via Brasil – tem o sentido generalizado de «seringueiro», no Baixo Alentejo chama-se ao trator agrícola. Mais acima, em Évora, «borrego» também quer dizer «monte de palha». Mas em Reguengos diz-se do que a esposa, à sucapa do marido, tira da despensa (azeite, trigo, etc.), para, com a venda, obter dinheiro para ela. E «fineza», em Ferreira do Alentejo, significa proeza, façanha, valentia. Já em Beja, usa-se a expressão «já agora logo amanhã», equivalente a «deixa estar», «fica para mais tarde». E, em Marvão, «mandar o bacalhau» significa o mesmo que «ter poder sobre os outros».

Muitos mais outros termos e expressões típicos do Alentejo constam deste Dicionário de Falares do Alentejo, com a coautoria do professor de Português Vítor Fernandes Barros¹ e do publicista Lourivaldo Martins Guerreiro. Organizado nos moldes de um dicionário v...

Lexicografia bilingue
A Tradição Dicionarística Português-Línguas Modernas
Por Telmo Verdelho e João P. Silvestre (eds.)

Organizado por Telmo Verdelho, professor da Universidade de Aveiro, e João Paulo Silvestre, investigador no Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, este livro reúne doze estudos dedicados à história e contemporaneidade da lexicografia bilingue português-línguas modernas. Uma primeira parte é dedicada à tradição lexicográfica, onde se salienta a importância da dicionarística bilingue português- espanhol e português-italiano. A segunda parte apresenta investigação feita sobre os dicionários de hoje, focando os que associam o português a línguas como o francês, o inglês, o alemão, o neerlandês e o chinês. O volume inclui ainda uma cronologia dos dicionários bilingues, abrangendo os respeitantes não só às línguas mencionadas, mas também ao japonês. Na bibliografia, as referências aos dicionários bilingues constituem uma secção própria. Sobre o enquadramento institucional e científico da obra, são elucidativas as palavras finais da Apresentação (págs. 8/9): «Esta publicação dá sequência ao trabalho de pesquisa e inventariação da dicionarística portuguesa iniciado em 2003, no Centro de Línguas e Cultura da Universidade de Aveiro, e que prossegue em colaboração com o Centro de Linguística da Universidade de Lisboa. […] Publicam-se […] novos elementos de informação básica para o reconhecimento do espírito dicionarístico português. Acrescenta-se um contributo mais para a incorporação de uma ampla base de dados que, além do testemunho dos dicionários antigos, deve abranger o restante património da escrita literária e não literária, até ao início do século XIX. O grande e motivador desígnio destes trabalhos é a elaboração de um Tesouro da Língua Portuguesa Clássica.»

Grandes Dúvidas da Língua Portuguesa
Falar e escrever sem erros
Por Elsa R. dos Santos e D’Silvas Filho

«Tenho dois parentes. Um diz biopsia; o outro, biópsia. Qual é, afinal, a pronúncia correta?», «Em que casos se deve usar “de mais” e quando se pode usar “demais”?», «Por que motivo o encontro vocálico “ai” tem acento em "caíste" e não tem em "cairdes" nem em "cairia"?» são exemplos da selecção das perguntas/respostas (mais de 300) sobre a língua portuguesa desta obra (escrita já segundo as regras do novo Acordo Ortográfico), cujo critério foi ditado pelas dúvidas com que o falante comum se debate no quotidiano.

Esta edição d´A Esfera dos Livros compreende cinco partes — “Unidade e Diversidade da Língua Portuguesa”, “Formas Corretas e Incorretas no Uso Prático”, “Temas Especiais e Dúvidas de Gramática”, “Expressões Idiomáticas” e “Acordo Ortográfico, Normas ortográficas comparadas” —, em que a exposição da teoria/norma, norteada por um conceito de tolerância, é intercalada com casos do uso prático. Menos compreensível foi o critério que presidiu à elaboração da bibliografia consultada pelos autores — muito aquém do que necessariamente teve de ser compulsado. O caso mais flagrante é o capítulo sobre as expressões e frases idiomáticas, sem uma única referência ao muito que já foi publicado sobre a matéria, em Portugal assim como no Brasil (especialmente os que, pela primeira vez, deram estampa ao que ninguém recolhera antes).

Língua e Cultura na Política Externa Portuguesa
O caso dos Estados Unidos da América
Por Rui C. Machete e António L. Vicente

Com autoria do  ex-presidente da Fundação Luso-Americana (FLAD) e do seu subdirector para a Promoção da Língua Portuguesa nos EUA, Língua e Cultura na Política Externa Portuguesa – o caso dos Estados Unidos da América aborda na sua primeira parte toda a problemática do ensino do português nos Estados Unidos. Na segunda parte, juntam-se alguns elementos estatísticos preciosos sobre a difusão da língua de Camões neste país, quer no que se refere ao ensino secundário, quer quanto ao universitário. Debruça-se igualmente sobre o programa de grande envergadura nesta área, que a FLAD lançou em 2003 – a Iniciativa Língua Portuguesa.

Trata-se de uma obra que é um excelente contributo para o debate sobre políticas da língua portuguesa, partindo de um pressuposto e de uma análise muito correcta da realidade que deveria enformar todas as estratégias da promoção do português no exterior: «a ideia de que a língua e a cultura portuguesas constituem um dos mais importantes recursos estratégicos globais de Portugal e que a sua promoção no mundo traduz-se em relevantes vantagens políticas e económicas para o país».  

Dicionário de Falares dos Açores
Vocabulário Regional de Todas as Ilhas
Por J. M. Soares de Barcelos

É um valioso contributo para o estudo do português que se falou e em certos casos ainda se fala no arquipélago dos Açores este Dicionário de Falares dos Açores, Vocabulário Regional de Todas as Ilhas, da autoria de J. M. Soares de Barcelos (Edições Almedina, Coimbra). Mais do que um livro, trata-se de um glossário de termos portugueses antigos usados nas nove ilhas, todas com as suas características próprias e diferenças nos seus hábitos e costumes.

O «tesouro linguístico» a que se refere o autor terá sido transportado pelos marinheiros das naus que descobriram o arquipélago no século XV. A adaptação da sua cultura às características do arquipélago resultou na açorianidade de que falou Vitorino Nemésio e traduziu-se numa linguagem de grande criatividade e riqueza lexical.

João Barcelos entregou-se a uma recolha profunda do vocabulário utilizado em todas as ilhas açorianas às quais juntou citações de obras de escritores  conhecidos com as quais chama a atenção. Em notas de rodapé, as citações fundamentam e contextualizam as expressões e os termos referidos, muitos dos quais apenas os naturais dos Açores e, às vezes, apenas de uma determinada ilha entendem.

Quem sabe, por exemplo, que cagarro é a alcunha que se dá ao natural de Santa Maria (devido à grande quantidade de cagarras que lá habitam)? Ou que «jogar à ferraxaneta» é «jogar às escondidas»? Que piteiro é aquele que bebe muito? E que quartada é um rabo grande?

Com mais de 600 páginas, esta obra traduz o pensamento de Paiva ...