. - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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Textos publicados pelo autor
Ética e Pedagogia na Literatura Oral Africana
Estudo Etnolinguístico do Umbundu
Por Bonifácio Tchimboto, Eusébio S. C. Tchamawe

Ética e Pedagogia na Literatura Oral Africana (Facta Lux) é uma publicação da autoria de Bonifácio Tchimboto e Eusébio S. C. Tchamawe, ambos docentes no Instituto Superior Jean Piaget de Benguela (Angola). 

O foco principal deste livro é a análise das funções éticas e pedagógicas das literaturas orais africanas, nomeadamente, da literatura oral em umbundu (também grafado umbundo), língua falada pelo maior grupo etnolinguístico de Angola, no intuito de constituir um guia sobre este património para as gerações futuras. A tradição oral é uma das características estruturantes das culturas africanas que, se não for preservada, corre, segundo os autores desta obra, «perigo de perder-se, pois está conservad[a] apenas em alguns homens que brevemente vão desaparecer para sempre» (pág. 10); daí a necessidade de mostrar aos jovens as diferentes dimensões da oralidade literária. 

Em termos estruturais, esta publicação está organizada em três capítulos: um primeiro, que aborda a relação entre as literaturas orais africanas e as perspetivas éticas e pedagógicas; um segundo, que explora alguns exemplos de contos, provérbios, advinhas, canções e lengalengas do umbundo; e um terceiro acerca da leitura ética e pedagógica da literatura oral em umbundo.  

Em Ética e Pedagogia na Literatura Oral Africana encontra-se sobretudo a nobre preocupação de despertar a atenção dos investigadores com interesse nas línguas e culturas africanas para as tradições deste continente, que estão escondidas nas suas literaturas orais, e para o seu potencial linguístico e pedagógico. Ao mesmo tempo, permite ao leitor entender qu...

Feira dos Anexins
Por D. Francisco Manuel de Melo

D. Francisco Manuel de Melo (1608-1668), um dos autores mais notáveis do século XVII literário português, deixou por publicar a Feira dos Anexins, que encontrou edição em 1875 por iniciativa de Inocêncio Francisco de Silva (1810-1876), o conhecido autor do Dicionário Bibliográfico Português. Uma segunda edição, de 1916, «não é mais, salvo raríssimas e pouco significativas variantes, do que uma reimpressão da primeira edição» (p. 21). Em 2021, numa nova edição a cargo de Maria Sofia Silva Santos, que fixou o texto e escreveu a nota introdutória e as notas de rodapé, a editora Guerra & Paz recupera esta obra que reúne ditos e trocadilhos seicentistas, muitos deles atestações precoces de usos que continuam cheios de vitalidade na língua hodierna.

Escrito sob pseudónimo humorístico – Doutor Esquadrinha Tudo –, o livro desenvolve-se como uma coleção de textos formados pela sucessão de anexins, termo aqui utilizado na aceção de «dito sentencioso, provérbio ou máxima». Trata-se de um conjunto de nove grandes diálogos agrupados em duas partes e repartidos por subsecções subordinadas a temas («metáforas»). O todo fecha com uma terceira parte que abrange sete relatos («fábulas»).

Os diálogos da  primeira parte incluem ditos e trocadilhos constituídos por metáforas fundadas em diferentes campos lexicais ligados à vida humana – do corpo à espiritualidade e das ações e gestos aos objetos de us...

História Global de Portugal
Por Carlos Fiolhais, José Eduardo Franco e José Pedro Paiva (eds.)

Organizada por Carlos FiolhaisJosé Eduardo Franco e José Pedro Paiva, esta obra, como se lê no texto de apresentação, representa o resultado da «colaboração de 87 autores que trabalham não só em Portugal como por todo o globo, portugueses e não portugueses, especialistas nas mais diversas subáreas da História, como história política, história institucional, história geográfica, história cultural, história da ciência, história económica, história social, história da arte e história religiosa.»

Com coordenação científica de João Luís Cardoso (Pré-História e Proto-História), Carlos Fabião (Antiguidade), Bernardo Vasconcelos e Sousa (Idade Média), Cátia Antunes (Época Moderna) e António Costa Pinto (Época Contemporânea), o volume é constituído por um conjunto de 96 capítulos, a cada um dos quais se atribui uma data ou um intervalo temporal, repartidos por cinco secções. Sucedem-se ao longo das páginas sínteses muito úteis, pois permitem contextualizar a génese, consolidação e expansão de Portugal como comunidade detentora de uma língua própria, mas profundamente implicada nos grandes movimentos políticos e sociais da Península Ibérica, da Europa, do Norte de África e, mais tarde, de todo o mundo, com a intensifica...

Sentimento da Língua
Homenagem a Evanildo Bechara 90 anos
Por Denise Salim Santos, Flávio de Aguiar Barbosa (coord.) e Sheila Hue (org.)

Como se sublinha na apresentação (pp. 9/10), este é um livro que retoma o espírito comemorativo do número 55 da revista Confluência, de homenagem ao gramático brasileiro Evanildo Bechara (Recife, 1928) por ocasião do seu 90.º aniversário em 2018. A publicação de 2020 reúne não só alguns dos especialistas participantes no referido número especial da Confluência, mas também outros investigadores de relevo do Brasil e de Portugal. Comum a todos eles o denominador comum da convivência e da amizade com Evanildo Bechara.

Com organização de Denise Salim SantosFlávio de Aguiar Barbosa e Sheila Hue, e a chancela da Editora Nau, do Rio de Janeiro, O Sentimento da Língua aparece em formato eletrónico, constituído por 17 estudos e quatro textos, estes de intenção mais testemunhal e afetiva, ao encontro dos temas e da trajetória intelectual do gramático brasileiro, também destacado membro (imortal) da Academia Brasileira de Letras.

Entre os trabalhos de cariz académico, refiram-se, por exemp...

O Cânone
Por António M. Feijó, João R. Figueiredo e Miguel Tamen (eds.)

Começa António M. Feijó por afirmar no primeiro ensaio deste volume que, em relação a uma literatura nacional e à avaliação das suas obras, um cânone corresponde ao «elenco de nomes de autores dignos de se ler» (p. 11). É uma definição sucinta que a presente publicação da Fundação Cupertino de Miranda e das Edições Tinta da China, fazendo eco de O Cânone Ocidental (1994) de Harold Bloom, ilustra com 64 ensaios, maioritariamente dedicados a autores que os editores e ensaístas participantes1 têm como os mais importantes da literatura portuguesa.  A expressão definida do título – O Cânone – promete instaurar uma situação de arrogante unicidade referencial que o arranjo gráfico da capa, iconicamente evocativo de pirâmides hierárquicas, acaba por desmentir com ironia.

No seu interior, este livro constitui uma seleção de autores (uns já esperados e outros nem sempre óbvios) associada a temas literários cuja abordagem se pauta por uma deliberada heterogeneidade de perspetivas que justificam o posto dos eleitos nos lugares cimeiros. O Cânone inclui, assim, os nomes de Agustina Bessa‑Luís, Alexandre Herculano, Alexandre O’Neill,