Luciano Eduardo de Oliveira - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Luciano Eduardo de Oliveira
Luciano Eduardo de Oliveira
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Luciano Eduardo de Oliveira, poliglota, tradutor, professor de idiomas, formado em Letras na Unifac Faculdades Integradas de Botucatu.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Tenho a seguinte dúvida: o ou a expertise?

Resposta:

Expertise não é palavra portuguesa, mas é um francesismo registrado, por exemplo, no dicionário Aulete, com o gênero feminino. Em francês também é do gênero feminino. Se pretender usar uma palavra mais vernácula, sugiro avaliação, perícia ou experiência, dependendo do contexto.

Pergunta:

É correto escrever essa frase: «Num campo lindo em flor»?

Resposta:

Sim, é correto. «Em flor» é uma locução adjetiva que corresponde a «florido». Eu sugeriria colocar a palavra lindo antes de campo, porque assim me soa melhor e parece enfatizar-se a beleza, mas a frase original não tem nada de errado.

Enquanto o dicionário Priberam recolhe já – e bem! – a forma aportuguesada nicabe, o véu muçulmano usado pelas mulheres, nem a Infopédia nem o Aulete o registam, ainda. Quanto aos jornais portugueses e brasileiros...

Pergunta:

Geralmente ouço pessoas dizerem «eu não se» e fico pensando o porquê de dizerem desta forma. É um caso preocupante principalmente porque não são apenas pessoas incultas, e este fato acontece muito na televisão em novelas, programas, etc. Não existe uma pessoa para corrigir os textos dos atores e mostrar a eles que se diz «eu não me dou», «ele não se dá»?

Existe esta concordância? «Eu se dei bem com este remédio», por exemplo.

Resposta:

Como diz a própria consulente, eu não combina com se. Se é de terceira pessoa: «ele/ela/você se chama», «eles/elas/vocês se chamam». Para as demais pessoas, usam-se formas diferentes: «eu me chamo», «tu te chamas», «nós nos chamamos», «vós vos chamais».

Não tenho como responder a esta pergunta sobre se não há uma pessoa para corrigir os textos dos atores. Ademais nunca ouvi nenhum ator dizer nada do gênero, mas se a consulente o afirma, não sou eu quem vai duvidar.

Pergunta:

Minha dúvida é: Na formação da frase «os objetos foram enviados em uma única caixa», o emprego de «em uma única» está incorreto? Pois, se trata de um artigo que também é um numeral, por isto a dúvida. Pode ser considerado redundância?

Resposta:

Não vejo inconveniente nenhum na frase. De fato, um é numeral, mas também é artigo indefinido. Foi assim que surgiram os artigos indefinidos nas línguas românicas: o latim conhecia unus, una e unum (e variações) só como numerais, exprimindo a unidade, e depois o seu uso estendeu-se aos artigos1.

Em vez de «em uma única caixa», também se poderia dizer «numa única caixa», mas isso já é questão de gosto, não de correção.

1 Cunha e Cintra recorrem à etimologia para explicar a relação entre o numeral e o artigo indefinido: «O artigo indefinido provém do numeral latino unus, una, unum, que exprime a unidade. Esse valor numeral, embora enfraquecido em alguns casos (como em "um certo"), transparece ainda hoje nos diversos empregos das formas do singular (um, uma)» (Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 238).