Isabel Casanova - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Isabel Casanova
Isabel Casanova
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Isabel Casanova, licenciada em Filologia Germânica, mestre e doutora em Linguística Inglesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É professora associada com agregação da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e especialista em Estudos Contrastivos e Lexicografia. Das suas atividades destacam-se especialmente a lecionação nos Mestrados em Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês e da sua obra destacam-se, entre outros: Manual de Linguística Inglesa, Linguística Contrastiva: O Ensino da Língua Inglesa, A Língua no Fio da Navalha; Ensaio para um Dicionário da Língua PortuguesaDicionário Terminológico: Compreender a TLEBS, Discursar em Português... e não só, Português para o Mundo, Português Revisitado: Dúvidas e Erros Frequentes, assim como a colaboração como especialista de língua portuguesa nas edições da Enciclopédia Larousse publicada em Portugal.

 
Textos publicados pela autora
Calem-se, por favor, mas de vez!

«'Portuguesas' e 'portugueses' não é apenas um erro e um pleonasmo: é uma estupidez.», sustenta Isabel Casanova, regressada a uma recente querela desencadeada (aqui e aqui) com uma crónica de Miguel Esteves Cardoso – lembrando neste apontamento uma iniciativa do Governo francês, em 1984, quando criou uma comissão de terminologia «encarregada de estudar a feminização dos títulos e funções, assim como, de uma maneira geral, o vocabulário respeitante às atividades das mulheres.»

(...)

A colocação dos pronomes clíticos ou<br> A proliferação dos erros induzidos

As gramáticas portuguesas insistem em apresentar a regra de que os pronomes clíticos (ou pronomes átonos) ocorrem presos depois do verbo: «Ele esqueceu-se dos anos do irmão»; «ele privou-se de muita coisa.» É a regra que, sentimos vontade de dizer, é defendida por todas as gramáticas sem exceção. Celso Cunha e Lindley Cintra, por exemplo, falando do pronome átono, dizem «a sua posição lógica, normal [destacado nosso], é a ênclise» e dão como exemplo: «Agarraram-na e conseguiram a muito custo arrastá-la do quarto.» A regra parece simples. No entanto, seguem-se seis páginas de exceções, seis páginas em que a regra da colocação do pronome não é a ênclise (isto é, o pronome não se posiciona depois do verbo), mas a próclise (isto é, o pronome posiciona-se antes do verbo.

[...] Uma regra simples como esta, com tantas exceções, só pode estar errada...

<i>Um Livro de Fábulas</i>
em Escrita Criativa
Por Isabel Casanova e Rita Faria

Um livro de fábulas em escrita criativa, obra das professoras Isabel CasanovaRita Faria destinada a alunos de Português Língua Materna e não Materna, recentemente lançada pela Plátano Editora. Esta obra apresenta-nos um conjunto de histórias, com diálogos entre seres humanos e animais, e simultaneamente instrumentos didáticos para desenvolver a prática do português e da chamada escrita criativa.

Paralelamente, as autoras fizeram um livro destinado ao professor com propostas e outras informações úteis ao desenvolvimento de didáticas apropriadas à aprendizagem do português.

 

J.M.M.

Monumento público com dois erros estruturais graves

Nunca será de mais falar em regência preposicional. Tal como *ninguém necessita uma coisa, nem se *tem a certeza uma coisa, também *ninguém é alvo uma coisa (os asteriscos assinalam a agramaticalidade da construção). Neste cartaz pretende-se dizer que «o castelo foi alvo de transformações»; não foi *alvo transformações. (...)

Ninguém *«tem a certeza uma coisa» <br>nem *«necessita uma coisa»...

Define-se regência como «a relação necessária entre duas palavras ou entre duas orações, em que uma determina a forma da outra. Contrariamente à concordância, a regência implica uma relação de dependência entre elementos, uma relação de interdependência de um regido relativamente a um regente». (...)