A autora Isabel Casanova, na sua obra Português Revisitado, vem lançar um novo olhar sobre a redundância de erros que se cometem na atualização do código linguístico português, assim como algumas dúvidas mais frequentes que se põem aquando da construção oral e escrita de enunciados. Defensora do Acordo Ortográfico de 1990 (AO), reitera, no Prefácio, que motivações políticas e linguísticas levaram a um acordo assente em base tendencialmente fonética. Alerta para o facto de muitos daqueles que o criticam «evidenciam o desconhecimento do acordo e a razão de ser das soluções» . Num estilo próprio, faz uso de um discurso cristalino e inteligível para a maior parte dos leitores.
Começa por fazer considerações prévias à nova ortografia, apresentando as principais incidências do AO, referindo-se às questões das maiúsculas e minúsculas, o emprego do acento grave, a acentuação gráfica das palavras oxítonas e paroxítonas, o apóstrofo, o hífen em compostos, com o verbo haver e o seu emprego geral, as sequências consonânticas e a existência de grafias duplas.
Seguidamente, passa a tratar das confusões de género e ilustra com situações recorrentes, como acontece com estrangeirismos, mas também com termos em que há dúvida relativa ao feminino como maestro, músico, poeta, presidente, personagem, juiz, embaixador, obrigado, síndroma e TAC.
A rubrica «como se pronuncia» é o tema que sucede. Nela se faz o confronto entre o singular e plural de certas palavras numa escolha criteriosa e bem conseguida de termos que constantemente trazem dúvidas ao falante; são o caso de acordo, júnior, sénior, líder, molho (tanto o termo usado em culinária, como o utilizado como representativo de um grupo de elementos específicos).
A autora dá-nos uma explicação breve sobre questões relacionadas com pontuação com exemplos pertinentes, tocando num assunto que tanta polémica e hesitação suscita. Debruça-se sobre a utilização do ponto, do ponto e vírgula, dos dois pontos, das reticências, das aspas, do apóstrofo e, sobretudo, do uso da vírgula, que mais dúvidas traz.
Por fim, completa o seu livro referindo-se a dúvidas e erros frequentes da língua portuguesa, como por exemplo, questões que se prendem com a homofonia e a paronímia, a acentuação que não se faz e que se devia fazer de palavras ou vice-versa, os particípios passados regulares e irregulares, o plural de nomes compostos, a regência verbal e adverbial, os estrangeirismos e os neologismos externos, o masculino e feminino de certos vocábulos, os verbos defetivos e os tempos verbais, as questões sintáticas e expressões usadas comummente. Fá-lo utilizando uma linguagem simples e clara, realizando uma seleção pertinente dos casos mais comuns e apresentando soluções num discurso esclarecedor.
Trata-se de uma obra a ler, uma vez que se mostra elucidativa, com um enunciado acessível a todos, com um encadeamento lógico de assuntos, revelando uma boa escolha das expressões e dos termos envolvidos em polémica, numa perspetiva francamente assumida de apoio ao Acordo Ortográfico, considerando a nova ortografia em vigor como «simples e coerente».
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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