Inês Gama - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Inês Gama
Inês Gama
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Licenciada em Português com Menor em Línguas Modernas – Inglês pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e mestre em Português como Língua Estrangeira e Língua Segunda (PLELS) pela mesma instituição. Fez um estágio em ensino de português como língua estrangeira na Universidade Jaguelónica em Cracóvia (Polónia). Exerce funções de apoio à edição/revisão do Ciberdúvidas e à reorganização do seu acervo.

 
Textos publicados pela autora
O português como língua de herança
O caso das comunidades portuguesas residentes em França

 «Não é novidade que a marca social da estrutura linguística e da pronúncia do português dos emigrantes em França tem sido, por via de imagens estereotipadas, fator discriminatório quer face à sociedade francesa, quer face à sociedade portuguesa. Uma das imagens mais comuns do típico emigrante português em França é a de um discurso marcado pela confluência de expressões francesas e portuguesas. Mas, será este tipo de discurso propositado ou haverá razões profundas e científicas que o expliquem?» À volta desta pergunta, a consultora do Ciberdúvidas Inês Gama apresenta uma reflexão sobre o conceito de língua de herança, tomando como exemplo o caso das comunidades portuguesas em França.

O sujeito da prosa poética
Como se designa a voz que fala na prosa poética?

«A expressão sujeito poético é usada para se referir o sujeito da primeira pessoa do texto lírico, ou seja, menciona aquele que revela a sua interioridade através de um texto poético, transparecendo os seus sentimentos e emoções» – observa a consultora Inês Gama neste apontamento, incluído no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 25 de junho de 2023.

Qual a diferença entre aquisição e aprendizagem?
Uma explicação conceptual

Apontamento da consultora do Ciberdúvidas Inês Gama, sobre a distinção entre os conceitos de aquisição e de aprendizagem.

Pergunta:

Na frase, «Já havia quem lhe apontasse o defeito...», a oração é oração substantiva relativa com que função sintática? Sujeito?

Obrigada.

Resposta:

Na frase «Já havia quem lhe apontasse o defeito...», a oração «quem lhe apontasse o defeito» desempenha a função sintática de complemento/objeto direto do verbo haver.

Quando o verbo haver tem a aceção de «existir», só pode ser usado na terceira pessoa do singular, uma vez que é impessoal, o que significa que não seleciona um sujeito, mas pode selecionar complementos.

No caso particular da frase apresentada pela consulente, o verbo haver (verbo principal da frase) seleciona um argumento interno oracional com a função de complemento/objeto direto, na medida em que tem um sentido existencial. Sobre isto, na Gramática da Língua Portuguesa de Maria Helena Mira Mateus et. al., afirma-se que haver «seleciona um argumento interno complemento/objeto direto, marcado com caso acusativo» (p. 302).

Atente-se, por exemplo, na frase (1). É possível substituir o termo barulho pelo pronome clítico acusativo o, como se verifica pela gramaticalidade de (2), comprovando que se trata do complemento/objeto direto da frase.

(1) Já havia barulho.

(2) Já o havia1.

O espaço que é preenchido por barulho em (1), é, na frase apresentada pela consulente, preenchido pela oração «quem lhe apontasse o defeito», que tal como barulho desempenha a função de complemento/objeto direto.

 

1. O pronome clítico acusativo nesta frase está colocado antes do verbo devido ao advérbio já.

«Entre mim e ti» <i>vs.</i> «entre tu e eu»
A preposição entre com pronomes pessoais

A associação correta dos pronomes pessoais à preposição entre dá matéria para o apontamento da consultora Inês Gama no programa Páginas de Português, na Antena 2.