Inês Gama - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Inês Gama
Inês Gama
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Licenciada em Português com Menor em Línguas Modernas – Inglês pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e mestre em Português como Língua Estrangeira e Língua Segunda (PLELS) pela mesma instituição. Fez um estágio em ensino de português como língua estrangeira na Universidade Jaguelónica em Cracóvia (Polónia). Exerce funções de apoio à edição/revisão do Ciberdúvidas e à reorganização do seu acervo.

 
Textos publicados pela autora
O que diferencia uma língua não materna de uma língua materna?
Uma contextualização teórica

«língua materna consiste na língua (ou nas línguas) que o falante adquire nos primeiros anos de vida. [...] Por oposição, a aquisição de estruturas linguísticas em fases tardias do desenvolvimento do falante que ocorrem depois de este já ter adquirido a(s) sua(s) língua(s) materna(s), significa que esta língua corresponde a um sistema linguístico não materno» – escreve Inês Gama, consultora do Ciberdúvidas, num texto em que explica as principais diferenças entre língua materna e língua não materna.

Pergunta:

Considerando a frase:

«Assim, é função do gramático preservar o uso de ser corrompido pela ignorância.»

pergunto se poderia ser escrita:

«Assim, é função de o gramático preservar o uso de ser corrompido pela ignorância.»

Em que caso não se usa contração, quando vier um verbo no infinitivo?

Obrigado.

Resposta:

Em português, a contração da preposição de ocorre quando esta tem como complemento um sintagma nominal.

A frase apresentada pelo consulente tem como sujeito a oração infinitiva «preservar o uso de ser corrompido pela ignorância», que está em posição pós-verbal. Isto significa que a expressão «função do gramático» é o predicado da frase e, por isso, não está dependente da oração infinitiva.

O termo «o gramático» é regido pela preposição de e é, portanto, constituinte do sintagma preposicional introduzido pela preposição de. Uma vez que se trata de um sintagma nominal, deve ocorrer a contração do determinante artigo definido o com a preposição de; portanto, a frase correta, neste caso, é «Assim, é função do gramático preservar o uso de ser corrompido pela ignorância.»

De acordo com a norma-padrão, a contração da preposição de com o determinante artigo definido não é permitida quando existe uma fronteira de oração. Caso a oração infinitiva fosse um complemento da preposição e não o sujeito da frase, então o ideal seria a não ocorrência da contração, como se verifica em (1). Todavia, tal como assinalam Eduardo Paiva RaposoMaria Francisca Xavier na Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian), a contração com a preposição de em fronteira de oração, «sendo estigmatizada na norma-padrão, é, no entanto, bastante comum na oralidade e mesmo na escrita menos formal» (pág. 1508). Portanto, frases como (1) são indiscutivelmente corretas, enquanto casos como (2) ...

«Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão»
O significado do provérbio

A origem e significado da expressão «Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão» foi o tema abordado pela consultora do Ciberdúvidas Inês Gama, no programa Páginas de Português, da Antena 2.

Qual o estatuto do inglês nos dias de hoje?
A situação atual da língua inglesa no mundo

«[S]e tivermos em consideração que, atualmente, o inglês é a língua mais usada pelos falantes do mundo inteiro, uma vez que conta com 1,75 milhões de falantes (cerca de ua em quatro pessoas no mundo), de um ponto de vista comunicativo, é lícito utilizar a expressões língua mundial e língua universal para designar a situação atual deste idioma» – escreve Inês Gama, consultora do Ciberdúvidas, num texto em que reflete sobre a situação atual da língua inglesa, a propósito do texto «Não há língua universal alguma» do advogado e esperantólogo Miguel Faria de Bastos.

 [Sobre esta controvérsia, O inglês, língua universal: sim ou não?, vide os textos: Não há língua universal alguma e Um mundo anglofonizado]

Pergunta:

O que é mais correto, afirmar que a língua inglesa é uma «língua universal» ou uma «língua mundial»?

Resposta:

Se assumirmos que o inglês é uma língua falada internacionalmente, sendo aprendida como língua segunda ou língua estrangeira1 por uma grande parte de falantes, então, podemos considerar que é uma língua universal e/ou mundial.

Na literatura especializada, não se deteta o uso das designações língua universal e língua mundial, todavia, a Wikipédia portuguesa considera que as expressões língua universal e língua mundial são sinónimas, sendo empregadas para descrever situações em que uma determinada língua é falada por «um grande número de falantes (nativos ou como língua estrangeira ou segunda) e usada em organizações internacionais e relações diplomáticas». No passado, línguas como grego clássico ou o latim foram línguas universais dada a relevância dos seus impérios; hoje em dia poder-se-á considerar que o inglês é a língua que assumiu essa importância, resultado da extensão do poder colonial britânico, que teve o seu ápice no final do século XIX, e da hegemonia dos Estados Unidos como potência económica no século XX.

Para se impor como língua global, um idioma deve ter um papel especial e reconhecido em todo o mundo. Segundo Marisa Grigoletto no artigo «O inglês na atualidade: uma língua global», a língua inglesa tem o estatuto de