Inês Gama - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Inês Gama
Inês Gama
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Licenciada em Português com Menor em Línguas Modernas – Inglês pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e mestre em Português como Língua Estrangeira e Língua Segunda (PLELS) pela mesma instituição. Fez um estágio em ensino de português como língua estrangeira na Universidade Jaguelónica em Cracóvia (Polónia). Exerce funções de apoio à edição/revisão do Ciberdúvidas e à reorganização do seu acervo.

 
Textos publicados pela autora
O sujeito da prosa poética
Como se designa a voz que fala na prosa poética?

«A expressão sujeito poético é usada para se referir o sujeito da primeira pessoa do texto lírico, ou seja, menciona aquele que revela a sua interioridade através de um texto poético, transparecendo os seus sentimentos e emoções» – observa a consultora Inês Gama neste apontamento, incluído no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 25 de junho de 2023.

Qual a diferença entre aquisição e aprendizagem?
Uma explicação conceptual

Apontamento da consultora do Ciberdúvidas Inês Gama, sobre a distinção entre os conceitos de aquisição e de aprendizagem.

Pergunta:

Na frase, «Já havia quem lhe apontasse o defeito...», a oração é oração substantiva relativa com que função sintática? Sujeito?

Obrigada.

Resposta:

Na frase «Já havia quem lhe apontasse o defeito...», a oração «quem lhe apontasse o defeito» desempenha a função sintática de complemento/objeto direto do verbo haver.

Quando o verbo haver tem a aceção de «existir», só pode ser usado na terceira pessoa do singular, uma vez que é impessoal, o que significa que não seleciona um sujeito, mas pode selecionar complementos.

No caso particular da frase apresentada pela consulente, o verbo haver (verbo principal da frase) seleciona um argumento interno oracional com a função de complemento/objeto direto, na medida em que tem um sentido existencial. Sobre isto, na Gramática da Língua Portuguesa de Maria Helena Mira Mateus et. al., afirma-se que haver «seleciona um argumento interno complemento/objeto direto, marcado com caso acusativo» (p. 302).

Atente-se, por exemplo, na frase (1). É possível substituir o termo barulho pelo pronome clítico acusativo o, como se verifica pela gramaticalidade de (2), comprovando que se trata do complemento/objeto direto da frase.

(1) Já havia barulho.

(2) Já o havia1.

O espaço que é preenchido por barulho em (1), é, na frase apresentada pela consulente, preenchido pela oração «quem lhe apontasse o defeito», que tal como barulho desempenha a função de complemento/objeto direto.

 

1. O pronome clítico acusativo nesta frase está colocado antes do verbo devido ao advérbio já.

«Entre mim e ti» <i>vs.</i> «entre tu e eu»
A preposição entre com pronomes pessoais

A associação correta dos pronomes pessoais à preposição entre dá matéria para o apontamento da consultora Inês Gama no programa Páginas de Português, na Antena 2.

Pergunta:

O verbo imprescindir existe?

Resposta:

A palavra imprescindir não se encontra atestada nos dicionários consultados.

Este verbo, apesar de não constar na grande maioria dos dicionários, é uma palavra bem formada segundo as regras de formação de palavras do português, aparecendo ocorrências do seu uso em alguns textos em português do Brasil na internet.

Com a junção do prefixo latino im-, que segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa tem o significado de «privação, negação», ao verbo prescindir, depreende-se que a intenção seria a de alterar o significado deste verbo para o seu oposto.

De acordo com a versão em linha do Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, prescindir significa «abdicar voluntariamente de alguma coisa ou de alguém; não ter necessidade de alguma coisa». Como antónimos deste verbo existem atestados termos, como por exemplo, necessitar, precisar e carecer.

Comummente em situações em que se pretende expressar algo de que não se pode prescindir utiliza-se o adjetivo imprescindível, que no Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, tem a seguinte aceção: «que é absolutamente necessário, não se podendo dispensar ou pôr de lado; que não se pode prescindir».