Ida Rebelo - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Ida Rebelo
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Ida Rebelo é uma linguista brasileira. Doutora e mestre em Estudos da Linguagem, Descrição do Português para o Ensino de Português Língua Estrangeira, pelo Departamento de Letras, da PUC - Rio de Janeiro; licenciada em Letras Português-Francês, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro

 
Textos publicados pela autora

A última frase de um texto transcrito pelo Ciberdúvidas é «E todos têm razão» (1). Frase essa que me faz reflectir muito sobre as discussões ininterruptas que tenho presenciado ou de que tenho notícia nos últimos tempos. Discussões a propósito, precisamente, da propriedade de quem fala e como fala o Português e da razão que seria um atributo distribuído com parcimónia aos falantes da língua e, apenas, a alguns falantes.

Aproveito uma recente dúvida para retomar questões que vêm à tona em algum momento, de forma inexorável, sempre que o assunto é língua portuguesa. A primeira delas é: estabelecida uma escala de avaliação cujos extremos poderiam ser, respectivamente, duas quaisquer imagens correspondendo uma ao inferno outra ao paraíso, onde se encaixa o Português falado no Brasil?

Pergunta:

Aqui usa-se a forma Iugoslávia. Já em Portugal a palavra é Jugoslávia. Qual é a maneira correta? Por quê?

Resposta:

A sua pergunta dá um tratado. Pela simples maneira como foi feita colocando a variação lingüística em termos de preto no branco, ou seja, há duas formas na língua para designar um único e mesmo referente no mundo concreto – no caso, um país – assim, por um procedimento cartesiano, se uma é boa, a outra é má.

Aqui entra a boa nova: ambas são corretas. Uma é de uso em Portugal e países que adotam a norma do Português Europeu e a outra é reconhecida pelos falantes que seguem a norma do Português do Brasil, e o melhor, é que tanto num lado como no outro, todos sabem que estão falando do mesmo país localizado nos Balcãs... ai, ai, ai... deve haver outra forma para esta designação assim como há Moscovo, lá e Moscou, cá. Se procurar, há de encontrar uma lista enorme, mas é capaz de concluir, como outros já fizeram, que a variação faz parte da natureza das línguas e é muitas vezes produto de convenção estabelecida entre os falantes de um grupo.

Os “maquisards” da língua

A última frase de um texto transcrito pelo Ciberdúvidas é «E todos têm razão» (1). Frase essa que me faz refletir/reflectir muito sobre as discussões ininterruptas que tenho presenciado ou de que tenho notícia nos últimos tempos. Discussões a propósito, precisamente, da propriedade de quem fala e como fala o Português e da razão que seria um atributo distribuído com parcimônia/parcimónia aos falantes da língua e, apenas, a alguns falantes.