Pergunta:
Eu normalmente não uso o a nesses exemplos. Falo «Comprei esse carro do Djalma».
Qual é o certo e porque quando busco na Internet aparece que comprar é um verbo transitivo direto?
Comprei esse carro a Djalma.
Vendi esse carro a João.
Comprei o carro a Carroção Veículos.
Esse tipo de coisa compra-se ao mangaieiro, que é mais certo ter.
Faça um bom desconto que eu só compro a você.
Desde já, obrigado.
Resposta:
Segundo os dicionários de regência verbal de Celso Pedro Luft e de Francisco Fernandes, o verbo "comprar", empregado como transitivo direto e indireto*, tem dupla regência — ambas as preposições estão corretas e ambas as frases apresentam o mesmo sentido, indicando que o vendedor do carro foi o Djalma:
– Comprei esse carro do Djalma.
– Comprei esse carro ao Djalma.
No entanto, as duas frases acima, a depender do contexto, podem gerar ambiguidade.
No caso da primeira frase, "do Djalma" pode não ser interpretado como objeto indireto, e sim adjunto adnominal, isto é, o Djalma passa a não ser tão somente o vendedor do carro, e sim o (ex-)dono do carro (carro do Djalma = carro dele = carro pertencente a ele).
No caso da segunda frase, o objeto indireto "ao Djalma" pode ensejar duas leituras: o Djalma foi o vendedor do carro ou o Djalma ganhou de presente um carro (aqui, a preposição "a" equivale a "para").
É preciso, pois, verificar qual construção se torna contextualmente mais clara para o sentido pretendido. Não sendo possível, faz-se necessário reescrever a frase para que sua compreensão não fique obscurecida.
Sempre às ordens!
* Por ser brasileiro o consulente, usou-se aqui a nomenclatura gramatical tradicional do Brasil.