D´Silvas Filho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
D´Silvas Filho
D´Silvas Filho
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D´Silvas Filho, pseudónimo literário de um docente aposentado do ensino superior, com prolongada actividade pedagógica, cargos em órgãos de gestão e categoria final de professor coordenador deste mesmo ensino. Autor, entre outros livros, do Prontuário Universal — Erros Corrigidos de Português. Consultor do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Gostava de saber a que organismo compete fazer respeitar as normas portuguesas, nomeadamente a NP EN 2680, de 1993.

É verdadeiramente assustador verificar como essa regra é desrespeitada, escrevendo-se à maneira que cada um lhe apetece e, tanto quanto eu saiba, nenhuma consequência lhe advindo por isso.

Veja-se, por exemplo, os produtos alimentares à venda no mercado. São obrigatoriamente marcados com o respectivo prazo de validade, mas parece que ninguém se rala com a forma como esse prazo é escrito.

Uma pessoa compra um alimento para crianças, por exemplo, onde consta a validade: 09-03-07. Que significa isso? Que ainda tem cerca de um ano de validade? Ou que já está cerca de um ano fora de prazo?

E se a criança comer um alimento deteriorado e por isso tiver um grave problema de saúde?

Anda a ser desleixado um problema muito sério!

E até neste site Ciberdúvidas se faz a apologia de cumprir a norma e esse(s) artigo(s) é datado na forma antiga — penso que ilegal!

Concordo que não é ao Ciberdúvidas que cabe fazer respeitar a lei, mas, pelo menos, podia cumpri-la. Para variar.

Obrigado.

Resposta:

A entidade que em Portugal concentra o estudo e a publicação das normas portuguesas em geral, designadas NP, é o Instituto Português da Qualidade (IPQ), em Lisboa.

No meu ponto de vista, o prazo estabelecido como de validade entende-se até à data indicada e não depois.

O pertinente assunto que põe à nossa consideração deve ser discutido com o IPQ. As nossas atribuições são unicamente o estudo dos assuntos referentes propriamente à língua.

Novo acordo para Portugal: sem alteração.

Ao seu dispor,

Pergunta:

As enciclopédias e o programa de computador, ao colocarem as palavras em ordem alfabética, põem respectivamente "Cruz e Souza" antes de "Cruzada" e "Gabriel Dias" antes de "Gabriela". Como não concordo que o espaço possa fazer a diferença, pergunto: esta ordem está correta?

Resposta:

É mesmo como a senhora professora diz. Os programas informáticos que conheço, nomeadamente o Word, tratam as palavras na ordem alfabética como se fossem todas independentes em relação à palavra seguinte. Neste processo, Gabriel, sendo mais simples que Gabriela, antecede-a na ordem, qualquer que seja a outra palavra a seguir. Nas obras tradicionais a ordem considera o conjunto das palavras.

No princípio, os programas faziam o mesmo inclusivamente com as palavras unidas por hífen. Agora já as tratam como uma palavra só. Ora este facto permite-nos usar um truque:

Ligo com o sinal -- (dois hífenes/hifens) as palavras que pretendo em boa ordem. Só depois mando ordenar alfabeticamente (o programa lê os dois hífenes/hifens como se fosse um só, e o computador é enganado).

Finalmente, dou ordem à máquina para converter o sinal -- num espaço. Repare que, se tivesse usado um só hífen, a máquina cegamente (estupidamente…) tirava os hífenes/hifens a todas as palavras, o que poderia ser inconveniente.

Assim fica tudo perfeito.

NOTA: Os programas foram feitos por humanos, e uma forma de os dominar bem é procurar entender a inteligência humana que os concebeu.

A maneira de não nos deixarmos dominar pela máquina é imaginar que agora somos nós essa "intelligentia”, e que o computador que está à nossa frente não passa dum repositório de instruções que recebeu, ao qual (não “a quem”) podemos dar outras ordens…

Novo acordo: sem alteração para Portugal

Pergunta:

A palavra Itaipu é considerada um hiato? Como deve ser separada? E a palavra região pode ser considerada como ditongo e hiato, ou só ditongo?

Obrigada.

Resposta:

Por exemplo Itaiense, de Itaí, pronuncia-se com hiato ¦à-i¦.

Quanto a Itaipu, depende da pronúncia na região. Se pronunciado como Itaiense, tem o mesmo hiato, e na divisão silábica seria i-ta-i-pu.

 

Note que Itaipu, sem acento gráfico, é uma palavra oxítona, nas nossas normas ortográficas, visto terminar em u. Pode ser lida com hiato sem acento no i porque o acento seria ilegítimo, visto a vogal i não ser tónica nesta pronúncia.

Há neste caso alguma indeterminação gráfica quanto à pronúncia do grupo vocálico -ai-, que só o uso pode determinar.

Quanto à palavra região, o encontro vocálico -ião é um tritongo ¦iãu¦~[jɐ̃w] (semivogal, vogal nasal, semivogal).

Novo acordo: sem alteração para Portugal

Ao seu dispor,

PRECISÕES INICIAIS:

1. O novo acordo ortográfico designa-se por acordo de 1990, data de assinatura de todos os países que o subscreveram, e não erroneamente de 1991, data da ratificação inicial de Portugal. Compreende-se que assim seja, para unificar o título; caso contrário, poderia ter diferentes designações no universo da língua, consoante a data das ratificações dos diversos países.

Pergunta:

Sei que já foi citado algo sobre os verbos terminados em -guar e -quar, mas, por favor, tirem uma dúvida: quais os verbos terminados em -guar e -quar que recebem acento agudo no u dos grupos gue, gui, que, qui e em que contexto (tempo e modo verbal) isso acontece? Por favor, expliquem-me do ponto de vista da gramática brasileira.

Muito obrigado.

Resposta:

Na literatura que tenho, verifiquei:

Terminação -guar.

Para o Brasil, o paradigma aguar tem trema nalgumas flexões (ex.: ágüe), mas nunca acento agudo no u. Quando as flexões são pronunciadas com acento tónico no u como em Portugal, há flexões com esta letra acentuada com agudo (agúe/s, agúem).

Para o Brasil, como para Portugal, o paradigma apaziguar tem acento agudo no u nas formas apazigúe/s, apazigúem.

 

Terminação -quar

 

Para o Brasil, o paradigma apropinquar tem trema no u nalgumas formas (ex.: apropínqüe, em Portugal sem trema), mas nunca acento agudo no u. Quando as flexões são pronunciadas com acento tónico no u como a variante em Portugal, há flexões com esta letra acentuada com agudo no u (apropinqúe/s, apropinqúem).

Para o Brasil, como para Portugal, o paradigma obliquar tem acento nas formas obliqúe/s, obliqúem.

NOTA:

No novo acordo, estas formas perdem to...