Pergunta:
Gostaria de saber a vossa opinião sobre o que devo fazer neste momento como revisora linguística prestadora de serviços a diversas editoras portuguesas e a particulares em relação à aplicação do novo acordo ortográfico e, designadamente, às ferramentas entretanto disponibilizadas para a sua aplicação. O problema que se me coloca neste momento é, essencialmente, o da credibilidade dessas fontes, sobretudo no que diz respeito ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), ferramenta essencial para o meu trabalho. Devo seguir o VOLP da Porto Editora [disponível na Infopédia], ou o [Vocabulário Ortográfico do Português – VOP] do Portal da Língua Portuguesa (para referir apenas os que se encontram neste momento, tanto quanto sei, disponibilizados na Internet)? Ou deverei esperar pela publicação do prometido VOLP da Academia das Ciências de Lisboa para o tomar como referência no meu trabalho?
Resposta:
Os dois vocabulários que indica são válidos nas alterações dos acentos, das consoantes não articuladas e das maiúsculas.
No caso da supressão das consoantes mudas, propõem variantes quando não têm a certeza sobre a pronúncia, o que está correcto. Sublinha-se que a Porto Editora tem um estudo profundo da ortoépia, feito no seu Grande Dicionário.
Esta editora, porém, insiste na solução *"scâner" e *"stresse", *"stressar", contra a índole da língua (“sc” foi eliminado da língua no princípio do século passado, e “st-“ sempre se converteu do latim ou do inglês em “es-“: estádio, ou estandardizar, estoque, etc.)
As minhas objecções quanto ao dois trabalhos destinados ao novo Acordo Ortográfico (AO) residem principalmente na interpretação que fazem do Acordo de 1990 quanto ao hífen, em particular nos compostos ligados por preposição.
Fazem ressuscitar o projecto recusado de 1986 (que recomendava taxativamente a não existência de hífen nestes compostos quer no sentido real quer no aparente) e interpretam abusivamente o 6.º da Base XV do Acordo de 1990, esquecendo: a) que as excepções com hífen não são poucas e são bem determinadas; b) que as locuções pronominais, adverbiais, prepositivas e conjuncionais já não tinham hífen antes de 1990 e que nas substantivas e adjectivas os exemplos apresentados sem hífen têm os seus elementos no sentido real; c) que os 6.2 e 6.3 da Nota Explicativa impedem a extrapolação, ao Acordo de 1990, das recomendações sobre hífen do projecto de 1986 (pois referem taxativamente que se mantém o q...