Pergunta:
«Aquele era o tempo
em que as mãos se fechavam
E nas noites brilhantes
as palavras voavam
E eu via que o céu
me nascia dos dedos
E a Ursa Maior
eram ferros acesos
Marinheiros perdidos
em portos distantes
Em bares escondidos
em sonhos gigantes
E a cidade vazia
da cor do asfalto
E alguém me pedia
que cantasse mais alto
[...]
Aquele era o tempo
em que as sombras se abriam
Em que homens negavam
o que outros erguiam
Eu bebia da vida
em goles pequenos
Tropeçava no riso
abraçava venenos
De costas voltadas
não se vê o futuro
Nem o rumo da bala
nem a falha no muro
E alguém me gritava
com voz de profeta
Que o caminho se faz
entre o alvo e a seta
[...]»
Quais os tipos de figuras de estilo presentes nestas estrofes?
Resposta:
As estrofes apresentadas pertencem à letra de uma canção de Pedro Abrunhosa, músico português. A resposta que se segue não é definitiva nem está completa; sugere apenas uma uma pequena lista de exemplos retirados dos versos em análise, a qual poderá ser completada pelo próprio consulente à medida que se sinta mais à vontade com a análise estilística de um texto:
Figuras de construção (ou de sintaxe)
anáfora (repetição da mesma palavra no início do verso ou da frase): «em portos distantes/em bares escondidos/em sonhos gigantes» (repetição da preposição em)
Figuras de pensamento
antítese (aproximação de duas realidades, tornando-as mais enfáticas): «homens negavam/ o que outros erguiam» («negavam» vs. «erguiam»)
hipérbole (expressão que deforma a realidade por exagero): «E eu via que o céu/ me nascia dos dedos/ E a Ursa Maior/ eram ferros acesos» (ver também mais abaixo em metáfora).
Figuras de natureza semântica
metáfora (substituição de um termo por outro ou identificação de um com o outro por se considerar que são equivalentes): «a Ursa Maior/ eram ferros acesos» (ver acima hipérbole); «Marinheiros perdidos/em portos distantes» («marinheiros» = gente que se aventura; «portos» = lugares); «Eu bebia da vida/ em goles pequenos» («beber ... em goles» = viver, experimentar); «o caminho se faz
entre o alvo e a seta» («alvo» = o que se deseja; «seta» = perigo).