Pergunta:
O historiador judeu Yosef ben Matityahu, ao se tornar cidadão romano, adotou o nome latino de Titus Flavius Josephus, com o qual escreveu vários clássicos da historiografia universal.
Ao ser aportuguesado (em português moderno), o seu nome romano só poderia ficar Tito Flávio José. Deveria, portanto, ser deste modo que nós, os lusoparlantes, teríamos de nos referir a ele ou, abreviadamente, apenas como Flávio José.
De qualquer forma, por descargo de consciência, indago a vós, infalíveis consultores, se a forma Tito Flávio Josefo e sua abreviação, Flávio Josefo, a qual é mais usual, têm cabimento no português moderno falado por nós todos.
Lembro-vos que em português hodierno temos apenas Josefa como feminino de José, o qual é o correspondente do prenome latino de origem hebraica Josephus.
Muitíssimo obrigado.
Resposta:
A forma Flávio Josefo fixou-se no uso da língua portuguesa, apesar de Josefo ter a forma divergente José. Mas é necessário recordar que em português há muitos casos de palavras divergentes, isto é, que evoluíram de um mesmo étimo, sobretudo latino ou em forma latina:
ATRIU- > adro (forma popular)/átrio (forma erudita)
RUGA- > ruga (forma popular)/rua (forma por via do francês do século XII)
O mesmo acontece quando confrontamos a onomástica com os topónimos, pelo menos em Portugal:
CIPRIANU- > Cipriano (nome próprio) vs. Cibrão (como em São Cibrão, aldeia do concelho de Vinhais, em Portugal).