Pergunta:
Gostaria de poder fazer uma tréplica em relação à construção «A ou B, complementando com C». A dúvida original não foi solucionada pela construção lógica [ARBITRARIAMENTE] utilizada. A questão é exatamente saber que construção lógica adotar:
(A V B) Λ C ou A V (B Λ C)
Ora, substituindo-se a vírgula pela conjunção aditiva e (Cunha e Cintra), a estrutura da frase «A ou B, complementando com C» ficará:
A V B Λ C
Para a lógica booleana, o conectivo ou (V) equivale ao sinal de adição (+) e o conectivo e (Λ), ao de multiplicação (.). A partir daí, vale a regra de prioridade das operações fundamentais envolvidas numa expressão matemática: a multiplicação tem prioridade sobre a adição. Logo, a expressão A V B Λ C se reduzirá a:
A + B.C
Em conclusão, C só se aplica a B. Não cabe qualquer dúvidda quanto a isso. Quem estudou lógica booleana e trabalhou com circuitos integrados TTL sabe muito bem disso. Podemos afirmar com toda certeza que a construção em debate corresponde ao circuito eletrônico assim formado:
Uma porta OR (em inglês) que tem por entradas o valor A e o resultado de B AND C.
Noutros termos, somente oficiais aviadores terão de atender às opções 1, 2 ou 3 (a uma ou a mais de uma).
P. S.: Além do mais, no caso concreto, não haveria sentido em distinguir oficiais aviadores dos demais candidatos de nível superior (utilizando um OU). Em todo caso, espero ter sid...
Resposta:
A análise e a argumentação apresentadas são muito interessantes, porque há realmente propostas de análise semântica que se inscrevem ou se inspiram na lógica. Contudo, do ponto de vista da sintaxe da língua portuguesa, a oração reduzida de gerúndio com valor de oração adjectiva «complementando com uma das opções a seguir» tanto tem por antecedente «curso de formação de Oficiais Aviadores» como toda a estrutura que inclui a coordenação de «curso de graduação de nível superior concluído em qualquer área de formação» e «curso de formação de Oficiais Aviadores» mediante a conjunção ou.
Uma chamada de atenção para este tipo de oração gerundiva: no âmbito da gramática prescritiva, há quem condene o seu uso por se tratar de um galicismo; outros contestam esta posição e lembram que tal oração está atestada em português medieval (ver Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, João Sá da Costa Editores, 1984, pág. 610). Seja como for, é curioso verificar que a sua paráfrase por estruturas relativas poderia desambiguar a frase. Duas paráfrase são possíveis:
1) Curso de graduação de nível superior concluído em qualquer área de formação ou curso de formação de Oficiais Aviadores, que se complemente com uma das opções a seguir.
Em 1, «que se complemente com uma das opções a seguir» tem por antecedente «curso de formação de Oficiais Aviadores», e o verbo está no singular, «complemente». O antecedente é, em princípio, «curso de formação de Oficiais Aviadores» e não «Curso de graduação de nível superior...», por um critério de proximidade.
Observe-se agora a seguinte frase:
2) Curso de graduação de nível superior concluído em qualquer área de formação ou curso de formação de Oficia...