Pergunta:
Anteriormente enviei uma dúvida com o seguinte texto:
«Gostaria de saber se há algum critério seguro e bem aceito na língua portuguesa para diferenciar uma oração relativa livre de uma subordinada interrogativa. Minha dúvida é motivada pelo fato de que, ao que parece, uma interrogativa subordina é possível ser introduzida por preposição: “perguntou de quem era o vestido”, o que já não parece possível com uma relativa livre:*"conhece de quem era o vestido”. No entanto, o que me parece é que o que permite tal distinção seria o próprio significado relacionado ao verbo da oração principal. No entanto, eu fico em dúvidas numa frase como esta: “Imagino de quem ela falou.” Não sei se ela pode ou não ser considerada gramatical. Um critério que eu, a partir de algumas poucas leituras sobre assunto, tenho estipulado é o seguinte: substituir o pronome relativo livre por algum demonstrativo acompanhando de seu pronome relativo, se resultar agramatical ou se o sentido diferir bastante, tal oração então seria interrogativa, caso contrário, seria uma oração relativa livre. Ex. “Imagino quem entrou na sala” – ?“Imagino aquele que entrou na sala”. Esta última, além de soar um pouco esquisita, muda bastante o sentido da frase. Logo, parecer-me-ia que estamos diante de uma construção cuja subordinada é uma interrogativa indireta. A partir desses argumentos – os quais coloco em dúvida - não me pareceria absurda uma frase como a que eu mencionei anteriormente: “imagino de quem ela falou”, uma vez que por este critério – o qual não sei se pode ser válido – tal oração seria uma subordinada interrogativa, a qual poderia ser introduzida por preposição. Como eu tenho acompanhando algumas respostas de Carlos Rocha a perguntas sobre o tema, gostaria, se possível, que ele comentasse sobre minhas indagações. No entanto, deixo livre para fazê-lo qualquer consultor que tenha interesse.»
No ent...
Resposta:
O critério proposto parece seguro desde que se tenha em conta que tal preposição faz sempre parte da regência do verbo da oração subordinada relativa livre. Por outro lado, a compatibilidade ou incompatibilidade resultam efetivamente da semântica do verbo que seleciona a oração.
Assim, quanto ao verbo imaginar, já aqui se comentaram as suas propriedades semânticas: como sinónimo de adivinhar, permite que uma oração introduzida por quem preposicionado seja interpretada como interrogativa indireta: «Imagino quem entrou na sala»; «Imagino de quem ela falou». Já como equivalente a visualizar, a oração é interpretada como relativa livre, e a frase deixa de ser aceitável — a não ser que substitua quem por uma construção de antecedente e que ou quem preposicionado: «Imagino aquele que entrou na sala»; «Imagino aquele de quem ela falou».