Pergunta:
Vendo a resposta 29 518, observei que alerta pode também empregar-se como adjetivo. Ora, o famoso gramático Napoleão Mendes de Almeida já asseverava no seu Dicionário de Questões Vernáculas que alerta, entre outras funções, pode usar-se como adjetivo e, portanto, pode e deve flexionar-se no plural. Como, então, poderá manter-se o ensinamento da invariabilidade dessa palavra? Ter-se-ia enganado o professor Napoleão?
Resposta:
As opiniões dividem-se quanto à classificação de alerta. Alerta é palavra classificada como interjeição, advérbio, adjetivo e substantivo por Maria Helena Moura Neves (Guia de Uso do Português), podendo, como adjetivo, apresentar flexão de plural. No entanto, Evanildo Bechara, na sua Moderna Gramática Portuguesa (37.ª edição, p. 553), afirma que «[h]á uma tendência para se usar desta palavra como adjetivo, mas a língua-padrão recomenda se evite tal prática». Em obras publicadas em Portugal, considera-se que alerta é sobretudo interjeição, advérbio ou substantivo (cf. dicionário da Academia das Ciências de Lisboa), embora haja autores que também o incluam entre os adjetivos de dois géneros, deixando supor que o vocábulo tem plural.
Sendo assim, não é que Napoleão Mendes de Almeida se tenha enganado – o que existe são perspectivas diferentes. Por outras palavras, o «ensinamento da invariabilidade desta palavra», para usar a expressão do consulente, pode manter-se, porque outros gramáticos e lexicógrafos que não Napoleão Mendes de Almeida têm uma perspectiva diferente.