Pergunta:
A norma diz que o quê tónico vem acentuado. Quando é nome ou está em final de frase, é fácil detectar a tonicidade. Mas tenho sempre dúvidas em casos como:
1. «Renúncia: a que renunciamos?» – usa-se que, ou quê?
2. «mas em que pensava eu quando...» (idem)
3. «Em que renúncia me fez pensar o professor?» (idem)
Pesquisei no Ciberdúvidas, mas não encontrei esclarecimento quando em casos como esses.
Resposta:
As sequências corretas são as seguintes:
1. «a que renunciamos...»
2. «mas em que pensava eu...»
3. «em que renúncia...»
Em 1 e 2, que é um pronome interrogativo. A forma tónica correspondente, quê, não pode ocorrer nesses contextos, uma vez que ela se usa só nos casos seguintes (sistematização com base em respostas anteriores e na pesquisa no Corpus do Português, de Mark Davies e Michael Ferreira):
a) no fim de frases interrogativas parciais: «renunciamos a quê?»;
b) no fim de frases interrogativas, seguidas de oração intercalada introdutora da interrogação: «renunciamos a quê, pergunto?»
c) no princípio ou fim de frase sem verbo ou cujo verbo é um infinitivo, desde que quê não seja complemento verbal: «Para quê tanta gritaria?»/«Tanta gritaria para quê?»; «Para quê chorar?»/«Chorar para quê?» (mas só se aceita «pensar em quê» — nunca «em quê pensar» —, porque «em quê» é o complemento oblíquo de pensar).
Relativamente a c), deve assinalar-se, no entanto, que no português do Brasil se usa para que sem acento circunflexo no começo da frase interrogativa com o verbo no infinitivo (atestações retiradadas do Corpus do Português): «[...] o apanhar o leque que escapa da mão que estremeceu, tudo isso.. mas para que divagações ? Que mancebo há aí, de dezesseis anos por diante, que não tenha experimentado esses doces enleios [...]» (Joaquim Manuel de Macedo, A Moreninha, 1844); «É tu...